sábado, 13 de março de 2010

Aula de Produção

 Por Juliana Luiza
Vídeos: Theo Cabral
Fotos: Theo Cabral e Joana Soares

A aula do último Domingo, contou com a experiência de Theo Álvares Cabral Filho.
Theo, que também é integrante de nosso curso, trouxe um pouco de sua vasta experiência na área da produção, no intuito de que pudéssemos equiparar alguns parâmetros da produção de comerciais, com alguns aspectos da arte cinematográfica.
 
Theo é formado em instrumentação eletrônica pelo Colégio Técnico da UFMG e bacharel em Design – Desenho Industrial pela Fundação Universidade Mineira de Arte Aleijadinho em Belo Horizonte. Ele também trabalhou como designer, Programador visual e fotógrafo, c começou começou com produção áudio visual a partir de 82, com o desenvolvimento de sistemas de exibição de vídeos em grandes telas. Theo também foi professor de Recursos Áudio visuais para faculdade de Comunicação da Universidade Newton Paiva por dois anos em 86 e 87.
Theo Produziu, dirigiu ou codirigiu milhares de comerciais e documentários em cinema e vídeo para clientes como Banco do Brasil, Minisitério da Agricultura, Ministério da Economia, Governo Federal, vários Governos de Estado, Caixa Econômica Federal, Vasp, Correios, Banco Econômico, diversos Shopping Centers e muitos outros clientes de projeção em todo Brasil, além de inúmera peças para rádio para os mais diversos clientes nacionais
Atualmente Theo representa a Open Filmes em Minas Gerais – A Open Filmes é uma produtora de filmes, principalmente comerciais que tem como sócios diretores dois expoentes do filme publicitário nacional: Sergio Mastrocola na fotografia e Pablo Nobel na direção.
Clique no álbum abaixo e confira vários momentos da trajetória de Theo, junto a grandes e famosos nomes do cenário artístico brasileiro:
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A aula foi iniciada com a apresentação de diversos modelos de fitas como Beta e Mini Dv.
O MiniDV é um dos mais populares formatos de fita para DV e destina-se ao mercado amador e semi-profissional, com a grande vantagem de um tamanho reduzido e qualidade superior, comparado ao formato VHS. Betamax era um formato de gravação em fita caseiro de 12.7 mm idealizado e fabricado pela Sony.
Relacionando alguns aspectos das fitas em questão e os aspectos da imagem, Theo prosseguiu sua explanação com algumas considerações:
O que imagem? Imagem é luz. O que vemos de imagem é a luz refletida. Se luz é uma energia eu posso medir a intensidade de energia.(…) Fotografia também é luz. Basicamente é isso. Como você transforma imagem em sinal elétrico e sinal elétrico em imagem.
A aula prosseguiu com a abordagem de alguns pontos do aspecto da produção. Theo comentou:
O produtor lida com dinheiro, viabilizando as coisas. Nós estamos falando de custo/valor. Se eu tenho um talento importante, eu estou produzindo. Vamos tratar a produção sob o ponto mais tangível possível: grana. Se a gente pretende realizar algo temos que ter em mente certos parâmetros. O espírita trabalha em cima do ideal e sob o ponto de vista da produção também temos que entender o aspecto do ideal. Uma coisa é fazer por que você gosta e outra é fazer por que você tem que fazer.
Trabalhar com cinema não dá pra fazer uma coisa meia boca. Eu tenho que entender que à partir disso eu vou viver disso. Por isso que esse passo que a gente dá tem que ser com o ideal.
Na medida que conhecemos a noção de analisar a posição profissional, algo é liberado….é necessário que nós absorvamos essa vivência em função do trabalho.
O filme é um produto, um documentário institucional. O produtor recolhe os recursos, estabelecendo um orçamento antes de chamar a Pesquisa, o roteirista, o diretor, o produtor executivo. (...)
Se faz preciso estabelecer um lugar para reunir essas informações e estabelecer quais são os objetivos. Um exemplo é o filme “Chico Xavier”.
Em relação ao orçamento você sempre trabalha com dinheiro e tempo. É muito comum você ver em filmes de toda ordem que o diretor é também roteirista. Cada um que entra no seu processo, entra com seu quinhão criativo. A assessoria de imprensa, por exemplo, já vai trabalhando desde a pré produção.
Todo trabalho de um filme é um processo criativo. Todo planejamento é um orçamento.

Theo prosseguiu a aula abordando o aspecto da Análise técnica do roteiro, exemplificando com alguns filmes:
No Titanic, por exemplo, no Chico Xavier, como são abordadas as situações de épocas, de estúdio, de recursos especiais? Como é feita uma análise? Daí nasce a necessidade de planejamento, de uma abordagem de pré produção.

Portanto, o processo se verifica com a chamada reunião de pré produção. Theo exemplificou com um esquema no quatro alguns dos elementos integrantes deste processo:

Produtor de Logística Produtor de transportes Pesquisa de maquiagem Produtor de Cast
Produtor de Alimentação Produtor de Aúdio Preparador de Elencos Necessidade de cenários
Pesquisa de Locação Produtor de mídias Pesquisa de objetos Maquinaria
Pesquisa de Figurino Produtor de Arte Luz Pesquisa de Casting

Sobre o referido esquena, Theo comentou:
Tudo isso tem que ser pesquisado. Somente à partir desta pesquisa você vai poder fazer um segundo orçamento. No caso de um “weather day” (dia chuvoso), por exemplo, se chover você pagará mais um tanto…. Tudo tem que existir com uma orientação do diretor. As vezes a afinidade é profissional. Eu posso confiar que determinado trabalho é realmente bom.

Sobre a figura do produtor de cast (produtor de elenco), Theo elucidou:
O produtor de cast é uma pessoa meio marrom, meio noar…ele tem que ter um feeling a mais para perceber.

Sobre o aspecto da maquinaria, Theo comentou:
Quando falamos em maquinaria, estamos falando em dinheiro e tempo. O uso da steadicam, por exemplo…Isso tudo tem um custo, antes mesmo de se começar a filmar. Esse planejamento de maquinaria é fundamental.

Em relação ao aspecto da luz Theo comentou também:
O diretor de fotografia tem que ter uma noção, precisa definir a luz. Pois aí já começa um escopo de um segundo orçamento.

Entremeando as explanações com algumas observações sobre os aspectos da produção, Theo fez alguns adendos:
Um produtor não anda despreparado…carrega consigo sempre objetos como lanternas e luvas.
É preciso ter profissionalismo. Eu vou me tolher criativamente em função da beleza da cena que eu quero.

Continuando, Theo ainda elucidou a figura dos produtor de mídia, que lida com a compra da materialidade como fitas, e lida com os aspectos planejamento, produção, finalização e distribuição.
A figura do produtor de logística, que trata dos aspectos do transporte, da movimentação de materiais, do processamento de pedidos e gerenciamento de informações, foi também elucidada.
Segundo Theo a questão das autorizações e sessões de direito é também tratada pela produção de logística:
O direito autoral é algo tão sério que você tem que ficar feliz quando aparece num comercial…a utilização da imagem no comercial só pode ser feita com autorização e é cobrado o valor proporcional ao número de vezes que uma imagem é mostrada ou um comercial é vinculado.

Theo também comentou sobre a figura do produtor de elenco:
O produtor de elenco é aquele que dá uma aquecida no ator. Em Cidade de Deus, por exemplo, houve uma preparação de elenco fantástica.

Foi ainda elucidada a figura do diretor executivo:
O diretor executivo tem que ter certas visões. O que pode parecer caro não é…caro é quando uma coisa vale menos e você paga mais. Caro é colocar um eletrecista num quarto 5 estrelas ou o diretor junto com o maquiador. Mais um dia de filmagem também pode ter um custo maior. A insegurança do tempo, por exemplo…Choveu o tempo todo num filme que eu fiz…Mas acreditamos que a espiritualidade conspire para que tudo dê certo.

Theo também emiuçou o conceito da Reunião de Produção:
A reunião de produção é onde as coisas são definidas. Cada um desses aspectos vai ter uma reunião específica. Um bom produtor planeja bem. Você tem direito de errar quantas vezes quiser na pré-produção. Na reunião são definidos o casting, a locação…que cenas serão produzidas? Que horas a cena será rodada? Posso modificar algo? A reunião vai trazer todas essas informações
 Numa peça você tem vários vetores que puxam….Um dos vetores é a qualidade, que está por vezes ameaçada pela falta de grana. Outros elementos são o vetor vaidade, o vetor modernidade e o vetor sintonia.

Prosseguindo a aula, Theo trouxe algumas pastas pra o nosso grupo, além de mostrar alguns slides. Ele comenta:
Na Open Filmes, entregamos uma pasta com a orientação da produção. A capa da pasta traz alguns dados como os nomes da Agência, da Produtora e Produtora de Aúdio.

A primeira pasta mostrada foi de um comercial da ração Whiskas. A primeira página traz o índice dos conteúdos da pasta, como ficha técnica, roteiro, shooting board, casting, figurino, locação, fundo locação, objetos, comida caseira e cronograma.
Prosseguindo sua explanação, Theo fez mais algumas considerações sobre o processo de produção dos vídeos elucidados:
Faz diferença a maneira de apresentar. Na medida que nos envolvemos com cinema, entendemos que a produção de um filme é algo coletivo. Falando do espiritismo, se esse é o aprendizado, que vivamos ele. Qual a diferença de falar de Whiskas ou falar de ideal espírita? Nós vamos nos aprimorar neste sentido.



Mostrando a pasta no slide, Theo elucidou a ajuda que os shooting boards oferecem na filmagem. O shooting board traz uma espécie de esboço fotográfico das cenas de filme, e ajuda os criadores a visualizar a estrutura do filme e discutir a sequência dos planos, os ângulos, o ritmo, a lógica do filme, as expressões e atitudes dos personagens.
Theo mostrou o “casting” contido na pasta do comercial Whiskas. Segundo ele, no caso Whiskas existem quatro situações (cenas), tendo como pano de fundo um trabalho semiótico. Para cada sequência há sapatos específicos.
Ainda sobre o comercial Whiskas, Theo comentou: Foi apresentada a mesma cozinha com vários ângulos diferentes.
Foi também elucidado as mock ups que aparecem no vídeo (maquetes), que segundo Theo, se traduzem numa representação do produto artisticamente feito. Diz Theo: Existem verdadeiros laboratórios de criação de mock ups.
Outros comerciais como o comercial da Directv e outro feito para o Governo de Minas Gerais, também foram mostrados.

Theo faz mais algumas elucidações:
O importante é entender a importâncias da produção. As coisas podem ser bem planejadas. O que eu acho importante é isso: Dá pra fazer. Claro que quando se trata de uma filmagem de 30s, o mínimo detalhe é um processo.
Quando falamos em produção executiva, não falamos que é uma pessoa em si, mas uma instituição. Quem define como e onde começar é o produtor junto com o diretor em relação a n variáveis.

Theo também desenhou uma espécie de esquena da hierarquia da produção, que reproduzimos abaixo. O esquena mostra os diversos membros da equipde de produção e seus respectivos assistentes. Clique na figura para visualizá-la ampliada:

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Sobre o esquema, comentou Theo:
Essa estrutura que eu estou mostrando mostra que é importante assumir esses papéis. Mesmo amadoristicamente fazer filmes é fazer um trabalho importante. Todo esse processo demanda aprendizado como qualquer profissão. O dia que eu souber o suficiente para imprimir meu estilo aí eu aprenderei.

Theo, pediu um Dever de Casa para o nosso grupo, tendo como base um “briefing”.
Por enquanto eu quero que a gente faça a decupagem como produtor, se perguntando: Isso vai ser filmado onde? É importante que vocês orcem esse filme. E por fim mostrarei o filme realizado.

Thiago Franklin finalizou a aula deste último Domingo com a exibição do curta “Mudança de rumo”,com roteiro e direção de Ana Maria Martins.
Alguns extras do filme “Up, altas aventuras”, que ilustram com entrevistas precisas aspectos da produção de num filme, também foram mostrados.



Abraços a todos
Até a próxima!