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O post a seguir, que foi escrito por Henrique, resume muito bem a proposta de nosso curso:
Por Henrique Lisboa
Segue abaixo um texto da Revista Espírita de 1862, março. O Texto diz respeito à pintura, no entanto penso que pode ser aplicado, sem dúvida, ao Cinema uma vez que o espírito está falando sobre imagem e Cinema é imagem (e som, claro) também.
Penso ser bem pertinente o texto porque nos mostra o que os espíritos pensam sobre o que venha ser o papel da arte: representar o real? ou criar o ideal,o surreal, o imaginário? Tem muito a ver, principalmente, com as dicussõeslevantadas na primeira aula com o Rafael.
Segue abaixo as frase que eu destacaria para NOS GUIAR NA PRODUÇÃO DE UM CINEMA GENUINAMENTE ESPIRITA, em seu valor mais subjetivo e menos na forma.
Porque penso que a arte espírita ainda anda muito na forma, letras espiritas, termos espiritas, textos espiritas, mas tem andado pouco na essência, ENLEVAR SENTIMENTOS, PROPORCIONAR ESPERANÇA, CRIAR BOM ANIMO, TOCAR O SENTIMENTO CONTUNDENTEMENTE e por ai vai.
Na minha opinião, fazer cinema com os recursos do espiritismo não é somente roterizar e filmar um conto de Humberto de Campos ou um livro de André Luis, mas também, fazer com que o produto final seja de boa qualidade, que TOQUE O SENTIMENTO CONTUNDENTEMENTE, que proporcione esperança, crie bom animo, nos leve para as mais belas expressões do amor e não que sejam devaneios de artistas vaidosos e que querem inventar a arte. Na minha opinião, o cinema espírita não é pra ser inventado posto que desde Moisés o amor já é a Lei maior, mas a é para ser FEITO. E mais uma vez repito, não estou falando
somente de forma, mas principalmente de produto final, de resultado final, de "o que o filme causa nos espectadores". Vamos conversando, né?!
Frases que eu destacaria:
"Só uma coisa poderá salvar a arte de vossa época: é um novo impulso e é uma
nova escola que, aliando os dois princípios que dizem tão contrário — o
realismo e o idealismo — leve os moços a compreender que se os mestres assim
são chamados, é porque viviam com a natureza e sua imaginação poderosa
"Inventava onde era preciso inventar, mas obedecia onde era necessário obedecer.* "
"num momento dado, é necessário trazer para a obra que se quer produzir os
instintos e o sentimento das coisas adquiridas e das coisas pensadas, numa
palavra, sempre esses dois grandes princípios: corpo e alma."
Abaixo o texto na íntegra.
Fiquemos com Deus,
Abraços e beijos,
Henrique
REVISTA ESPÍRITA — ANO V — MARÇO DE 1862
ENSINOS E DISSERTAÇÕES ESPÍRITAS
*O REALISMO E O IDEALISMO EM PINTURA*
(SOCIEDADE ESPÍRITA DE PARIS. — MÉDIUM SR. A DIDIER)
I
A pintura é uma arte que tem por objetivo retraçar as cenas terrestres mais
belas e mais elevadas e, por vezes, simplesmente imitar a natureza pela
magia da verdade. É uma arte que, por assim dizer, não tem limites,
sobretudo em vossa época. A arte de vossos dias não deve ser apenas a
personalidade: deve se — se assim me posso exprimir — a compreensão de tudo
o que foi na história, e as exigências da cor local, longe de entravar
a personalidade e a originalidade do artista, ampliam-lhe as vistas, formam
e depuram o gosto e o fazem criar obras interessantes para a arte e para os
que nela querem ver uma
civilização caída e ideias esquecidas. A chamada pintura histórica de vossas
escolas não está em correspondência com as exigências do século; e — ouso
dize-lo — há mais futuro para um artista em suas pesquisas individuais sobre
a arte e sobre a história que nessa via onde dizem que comecei a por o pé.
Só uma coisa poderá salvar a arte de vossa época: é um novo impulso e é uma
nova escola que, aliando os dois princípios que dizem tão contrário — o
realismo e o idealismo — leve os moços a compreender que se os mestres assim
são chamados, é porque viviam com a natureza e sua imaginação
poderosa inventava onde era preciso inventar, mas obedecia onde era
necessário obedecer.
Para muitas criaturas desconhecedoras da ciência da arte, muitas vezes as
disposições substituem o saber e a observação. Assim, em vossa época veem-se
por todos os lados homens de uma imaginação muito interessante, é certo,
mesmo artistas, mas não pintores. Estes não serão contados na história senão
como desenhistas muito engenhosos. A rapidez no trabalho, a pronta
realização do pensamento adquirem-se pouco a pouco pelo estudo e pela
prática e, conquanto se possua essa imensa faculdade de pintar depressa, é
necessário lutar ainda, lutar sempre. Em vosso século materialista a arte —
não o digo sob todos os pontos, felizmente — se materializa ao lado dos
esforços realmente surpreendentes dos homens célebres da pintura moderna.
Por que essa tendência? É o que indicarei na próxima comunicação.
II
Como disse em minha última comunicação, para bem compreender a pintura seria
necessário ir, sucessivamente, da prática à ideia, da ideia à prática. Quase
toda a minha vida se passou em Roma. Quando eu contemplava as obras dos
mestres, esforçava-me por captar em meu espírito a ligação íntima, as
relações e a harmonia do mais elevado idealismo e do mais real realismo.
Raramente vi uma obra-prima que não realizasse esses dois princípios. Nelas
via o ideal e o sentimento da expressão, ao lado de uma verdade tão brutal
que dizia de mim para mim: é bem a obra do espírito humano; é bem a obra
pensada depois realizada; lá estão alma e corpo: é a vida inteirinha. Via
que os mestres moles nas ideias e na compreensão o eram em suas formas, em
suas cores, em seus efeitos. A expressão de suas cabeças era incerta e a de
seus movimentos, banal e sem grandeza. É necessária uma longa iniciação na
natureza para bem compreender os seus segredos, os seus caprichos e as
suas sublimidades. Não é pintor quem o quer: além do trabalho de observação,
que é imenso, é preciso lutar no cérebro e na prática contínua da arte; num
momento dado, é necessário trazer para a obra que se quer produzir os
instintos e o sentimento das coisas adquiridas e das coisas pensadas, numa
palavra, sempre esses dois grandes princípios: corpo e alma.
*