quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

História do cinema – Aula 4

Sempre com muito bom humor e carisma, nosso curso contou mais uma vez com a experiência do professor Rafael Ciccarini, na quarta aula de História do Cinema.

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Rafael iniciou a aula fazendo um resumo dos principais pontos da carreira de Alfred Hitchock.

Hitchcock começou nos anos 20 (...). Ele aprendeu muita coisa trabalhando na Alemanha e trabalhou até o final da década de 60. Ele teve mais de cinquenta anos de carreira.
Ele praticamente criou o gênero suspense junto com o Fritz Lang. (...)

Todos são influenciados por ele. Hitchcock se reiventa o tempo todo. É alguém que faz filme para o público, para o telespectador, fazendo um jogo para o telespectador de psquia complexa, como ser humano complexo, sempre sofisticando algo a mais. (…)

O cinema tem um paradoxo fundamental: O Hitchcock é alguém que foi um grande expoente do cinema mundial, ao mesmo tempo que é considerado um artista. O Hitchcock é alguém que fez filme comercial ou artístico? Na verdade, ele é alguém que se tornou um grande artista dentro da estrutura tolhedora hollywoodiana. O Hitchcock tem essa carreira longa, experimentalista, sendo um cineasta respeitável pelo aspecto da montagem.


Em 1948 ele faz Festim Diabólico. Neste filme, ele queria fazer um plano de sequência e um estúdio simulando um apartamento. É o primeiro filme colorido dele. É um filme excepcional.



O professor comentou uma curiosidade:

Quem iria fazer o papel do James Stuart era o Cary Grant.

                                  O eterno galã James Stuart

Prosseguindo, Rafael comentou:

Hitchcock teve a chamada fase muda, com o Inquilino Sinistro. A carreira dele é dividida na fase Inglesa e na fase americana. A maioria dos filmes conhecidos são da fase americana da década de 40 para frente frente. (…), Nos anos 30, ele traz os filmes A dama Oculta, Os 39 degraus eo o Homem que sabia demais. (…)

Hitchcock foi o primeiro a tratar o som como motivo dramático. As coisas mais simples são tensas. A sonoplastia da faca em Psicose  é algo surreal. Ele o Lang são aqueles que mais rapidamente começaram a sofisticar o som. (…)

Nos anos 40 ele traz Rebecca. O filme traz uma personagem que já não existe mais. A ex mulher do cara morreu e ele nunca se livrou dela. A trama gira em torno de uma jovem mulher a qual nunca é nomeada, e o viúvo que tenta recomeçar sua vida após a morte de sua primeira esposa. (…)

O Hitchcock faz um flashback sem cortes. A forma como ele fez foi fantástica. No flashback toma-se a intenção como verdade. A linguagem vai sendo absorvida aos poucos. (…)


Prosseguindo, Rafael comenta sobre Pavor nos bastidores, outro filme de Hitchcock. No filme, Jane Wyman interpreta a estudante de teatro Eve Gill, que tenta inocentar um amigo (Richard Todd) acusado injustamente de assassinato se tornando assistente da estrela dos palcos Charlotte Inwood (Marlene Dietrich). Diz o professor:

Nos anos 50, Hitchcock traz Pavor nos bastidores. Quando as coisas vão acontecendo percebemos que é um flash mentiroso (...). Houveram críticas tais como “esse filme está errado, como pode ser?”
Hitchcock tinha um controle raro do corte. Ele filmava já praticamente montando. A maioria filma num plano geral, em vários ângulos. Muitas vezes diretores inseguros filmam toneladas. Hitchcock já filma montando. Ele já tinha um controle muito grandde sobre o que ele queria.

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O genial Alfred Hitchcock


Prosseguindo, o professor comentou sobre o filme A sombra de uma dúvida, de 1942 (Shadow of a doubt). No filme, Charlie Oackley é um criminoso que seduz e mata viúvas. Para fugir da polícia, acaba indo visitar sua irmã Emma, que vive com seu marido e sua filha Charlie. Com a convivência, Charlie - a sobrinha - começa a cada dia mais desconfiar de que seu tio não seja realmente a pessoa que diz ser.
Comenta o professor:

A Sombra de uma dúvida é o filme que ele mais gosta. O mal e bem mais próximos do que se imagina.

Ciccarini também comentou sobre Interlúdio (Notorious, 1946). O filme traz a história de uma jovem mulher (Ingrid Bergman), que após seu pai alemão ser condenado como espião, passa a se refugiar em bebida e homens. É assim que se aproxima de um agente do governo (Cary Grant), que pergunta se ela concorda em ser uma espiã americana no Rio de Janeiro, onde nazistas amigos do pai dela estão operando. Ela acaba se casando com um espião nazista, mas se apaixona pelo seu contato no governo americano.
O professor comenta sobre o filme:

Interlúdio é um suspense com champagne. O garçom, as pessoas bebendo champagne (...). Essa coisa de criar o medo no trivial. A câmera do Hitchock olha com muita ironia para quem ela filma. A câmera importa. Com esse observarar da câmera ele estabelece um olhar crítico para o mundo.

O professor também comenta:

Truffaut e outros cineastas começam a valorizar Hitchcock. Existe a questão da culpa, do falso culpado. Só ele e o expectador sabem que determinado personagem é inocente. Ainda que o personagem seja objetivamente inocente, ele tem uma culpa cristã por ele merecer aquilo. Essa culpa mais profunda existencial cristão. O voeyerismo, a morte e o desejo. A sensualidade e a morte estão muito presentes em Hitchcock.
Hitchcock filma o assassianto como se fosse o amor, e o amor como se fosse a morte.


Prosseguindo, Ciccarini traz à tona o inesquecível Janela indiscreta (Rear Window, 1946). O filme se passa em Greenwich Village, Nova York, L.B. Jeffries (James Stewart), um fotógrafo profissional, está confinado em seu apartamento por ter quebrado a perna enquanto trabalhava. Como não tem muitas opções de lazer, vasculha a vida dos seus vizinhos com um binóculo, quando vê alguns acontecimentos que o fazem suspeitar que um assassinato foi cometido.

Sobre o filme Rafael comenta:

Janela indiscreta é uma metáfora existencial do cinema como ato de voyerismo. Essa coisa do desejo da morte, do perigo. O Hitchock brinca com uma série de coisas. Ela (Grace Kelly) fica forçando. O Hitchock sem nenhum diálogo mostra onde a personagem está.


Outro clássico de Hitchcock foi comentando em seguida: Psicose (Psycho, 1960). A sinopse do filme gira se inicia com a secretária Marion Crane. Cansada da vida que leva, ela rouba US$ 40 mil que deveria guardar para o chefe e foge para a Califórnia, onde encontrará o namorado. No caminho, hospeda-se num motel, onde é atendida por Norman Bates, o estranho dono do estabelecimento que parece ser dominado pela mãe.
Ciccarini comenta:

Hitchcock mostra o personagem, o conflito, traz a questão do protagonista morrer (...)

1/3 do filme traz a personagem de Marian Crane, que é assassinada. O filme muda de protagonista. Norman Bates parece. O início oferece toda a indicação que o filme vai ser sobre adultério, mas depois tudo se modifica. A polícia em Hitchock é sempre muito apavorante.
O Psicose foi um filme barato, em preto e branco. Ele achou que o filme iria ficar muito pesado se fosse feito em cortes. Quem corta é montagem, oa gudo de violino, na trilha sonora de Bernard Hermman. Ele mostra a verdade não verdade. O real da tela, não real do mundo.

Prosseguindo, o professor comentou sobre A dama oculta (The lady vanishes, 1938).  No filme, Em um pequeno recanto da Europa os passageiros de um trem ficam retidos em virtude de uma nevasca e são obrigados a pernoitar em uma pequena estalagem. Lá uma rica jovem conhece uma velha governanta e ambas combinam de se encontrarem no dia seguinte no trem. Entretanto, logo após o início da viagem a governanta desaparece e ninguém, por motivos diversos, afirma ter visto a pessoa desaparecida. Ela persiste em suas investigações e acaba convencendo um musicólogo, com quem ela tinha se desentendido na véspera.
Sobre o filme, Ciccarini elucida:

No filme, alguém que está sendo perseguido senta de frente para otura pessoa…Essa minúcia do comportamento humano é mostrada brilhantemente pelo Hitchcock.

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Ciccarini ainda comentou sobre Um corpo que cai (Vertigo, 1958).  O filme se passa em São Francisco, onde um detetive aposentado (James Stewart) que sofre de um terrível medo de alturas encarregado de vigiar uma mulher (Kim Novak) com possíveis tendências suicidas, até que algo estranho acontece nesta missão.

Ciccarini comenta:

Um corpo que cai é um dos filmes mais pesados de Hitchcock, a questão das inversões da personagem é genial.

Ciccarini, ainda elucidando Hitchcock, fez uma abordagem sobre Os Pássaros (The Birds, 1963). No filme, a pacata cidade de Bodega Bay, na Califórnia, vive momentos de terror quando milhares de pássaros se instalam na localidade e começam a atacar as pessoas.
Rafael comenta:

A todo momento nos perguntamos o por quê da questão dos pássaros no filme…o diretor consegue montar um clima dos mais intrigantes, pouco visto antes na história do cinema.

E finalizando abordagem sobre Hitchcock, o professor elucidou Frenesi (1972). No filme, mulheres são atacadas sexualmente por um serial killer, em Londres, enquanto o principal suspeito tenta, a todo custo, provar sua inocência. O professor comenta que este tenha sido talvez o grande último filme de Hitchcock.
Ciccarini ainda elucidou sobre o fato de Hitchcock fazer “aparições supresa” por assim dizer, em vários de seus filmes.
Comenta o professor:

Ele entrava de figuramente. E começou a aparecer em vários filmes…as pessoas começavam a ir ao cinema para tentar encontrá-lo…

A aula prosseguiu elucidando a figura de Stanley Kubrick. Ciccarini comentou que ele está fazendo um doutorado que elucida a carreira de Kubrick. O professor ainda elucidou:

O Kubrick é um dos diretores americanos mais sistemáticos, obsessivos e perfeccionistas. É um daqueles diretores controladores que gostam de filmar em estúdio. Kubrick começa a carreira como fotógrafo e fazendo curtas. Seu primeiro curta foi intitulado “Fear and desire.

Kubrick é um diretor que fez alguns dos filmes mais celebrados de todos os tempos.


 
Stanley Kubrick

O professor prosseguiu a aula comentando sobre o filme Glória feita de sangue (Paths of Glory, 1957). O filme se passa em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial. Um general francês, ordena um ataque suicida e como nem todos os seus soldados puderam se lançar ao ataque ele exige que sua artilharia ataque as próprias trincheiras.


Sobre o filme, Rafael ainda elucida:

Glória feita de sangue, com Kirk Douglas é talvez o último filme humanista do Kubrick. A razão humana derrotando a si próprio. O homem é capaz ddas coisas mais humanas e artrozes.Por isso que a guerra é tão decorrente em seus filmes. A bomba atômica em seu filme de 1964, doutor fantástico, é um exemplo disso.


O professor prosseguiu comentando a carreira de Kubrick e o clássico 2001, uma Odisséia no Espaço (A space Odissey, 1968):

O computador toma consciência e desafia o homem. Há uma série de leituras para os filmes do Kubrick. Em relação à elipse do Osso…o macaco pega o osso (simbólo da ferramenta). Ali ele começa a se tornar homem. O homem é um animal com mãos. O monolito pode ser Deus, uma outra civilização. Sempre que aparece o monolito há um mudança no filme. O computador Hal é o personagem mais forte do filme. A terceira parte do filme traz a última batalha do homem para ser superado…o filme vai se complicando e tem várias leituras. O Kubrick fez esse filme em 70 mm.

Kubrick é um cineasta das perguntas e não das respostas. É um cinema destituído de sentimentos. Ele virou uma figura reclusa. Kubrick filma 80 vezes a mesma cena…era perfeccionista. Trabalhar com ele era uma loucura.



Rafael fez menção a outros filmes de Kubrick, como Lolita (1962), Doutor Fantástico (Dr. Strangelove, 1964),Laranja Mecânica (A Clockwork Orange), O iluminado (The shinning, 1980), Nascido para matar (Full Metal Jacket, 1987) e De olhos bem fechados (Eyes Wide Shut, 1999) e Barry Lydon, 1975. Em relação aoúltimo filme, o professor acrescentou: Barry Lyndon é um épico maravilhoso visualmente. As cenas de luz de velas são extremamente bonitas.

Ciccarini prosseguiu a aula fazendo um resumo sobre alguns cineastas marcantes do cinema japonês. Primeiramente ele comentou sobre Yasujiro Ozu:

Ozu é o cineasta da rotina, do tempo porto. Nada acontece, quase não há ação de buscar a rotina do Cotiano. Alguns filmes marcantes de Ozur são Bom dia, Pais e filhos e Contos de Tókyo.

O professor também acomentou sobre Kenji Mizoguchi:

Não existe outra forma de fazer. A câmera de Mizoguchi sintetiza o movimento das galáxias. Seus filmes tem uma estética remanescente da arte japonesa. Eu o considero um diretor perfeito.


                                       Kenji Mizoguchi

Ciccarini também comentou sobre Akira Kurosawa, um dos maiores cineastas japoneses da história:

Kurosawa traz a idéia da dualidade. Ele consegue ser essencialmente japonês e produz um diálogo com a cultura ocidental. Um dos seus filmes mais celebrados, os 7 Samurais foi refilmado no cinema americano, como Sete homens e um destino. Ele fez também algumas releituras de Shakespeare como Ran (1985), filme basead no Rei Lear.
Outros de seus filmes excelentes são “sonhos” (1990) e Fortaleza escondida, filme que inspiraria George Lucas a produzir Star Wars.


                                            Akira Kurosawa

O professor prosseguiu comentando sobre a Novelle Vague.

A Novelle Vague foi o último grande movimento da história do cinema. É o ponto de partida para um série de jovens amigos cinéfilos discutirem cinema. Essa geração foi formada inspirada em Langlois, criador da cinemateca francesa.
André Basan foi o grande mestre desta geração. Foi uma espécie de pai para essa geração. Talvez um dos ícones mais importantes para aquela geração.
Basan foi diretor da revista cinemá e convida então aqueles jovens cinéfilos para serem críticos da revista. As idéias da nouvelle vague começam então a surgir neste contexto.



Segundo Ciccarni, a Novelle Vague tinha como uma de suas bases a questão da política dos autores. Por política dos autores se entende uma noção de cinema pessoal, que enfatiza as impressões subjetivas em detrimento de representações objetivas, apoiando os chamados autores como verdadeiros responsáveis de um filme. Autores apresentam uma visão de mundo que, no resultado final de um filme, se impõe ao trabalho dos demais membros da equipe de produção, como escritores, roteiristas, designers, atores, editores ou produtores.

O professor comenta:

A política dos autores e complexa. Idéia é uma radicalização da autoria. O Hitchcock se torna um dos primeiros paradigmas da política dos autores. O que importa na autoria é mais a misancene do que os espaços. Howard Hawks, John Ford…a forma de olhar é deles. A crítica francesa eleva portanto esses cineastas ao alto….Isso mudou o paradigma critíco do cinema.

Rafael ainda comentou que essa leitura autorista influenciaria cineastas como o próprio Michael Mann, que em filmes como Fogo contra fogo, Miami Vice e Colateral, mostra um olhar desencantado para o mundo. Os personagens são vazios, solitários. Ele mostra o homem urbano solitário contemporâneo. É alguém que filma essas impossibilidades de plenitude.


Prosseguindo a questão da Nouvelle Vague, o professor ainda comentou:

Eles sempre continuarm críticos. Na Nouvelle Vague o filme é também autoreflexivo. Godard possuiu o tempo todo essa autoreflexividade. A Nouvelle Vague era um movimento que não tinha normas rígidas. O espírito na Nouvelle Vague era filmes livres mais soltos.


O professor mostrou o vídeo de uma das mais memoráveis cenas de “O acossado”, de Jean Luc Godard, um dos mais aclamados filmes da Nouvelle Vague. Os personagens caminham por uma surreal Champ Eliseé de meados dos anos 50.

Ciccarni comenta:

59 é o ano do primeiro filme de quase todos os cineastas da Nouvelle Vague. A Nouvelle vague, junto com o neorealismo Italiano, foi um movimento que influenciou todo o mundo. (…) A Nouvelle Vague, é o único movimento cinematográfico que influenciou algo para além do cinema.

Neste momento, o professor relembrou algumas influências da Nouvelle Vague na cultura brasileira. Segundo ele, o Clube da Esquina, movimento musical das Minas Gerais, tem uma nítida influência francesa. O professor relembrou também o personagem de Pedro Cardoso na minissérie Anos Rebeldes, da Tv Globo,  que era fã de Jean-Luc Godard.


                                      Jean-Luc Godard

A montagem de Godard em O Acossado é extremamente inovadora. É um filme que tem influência do Noar americano, mas ao mesmo tempo é uma tentativa de ir adiante e brincar com as regrinhas de montagem. Acossado foi o primeiro filme a apresentar uma técnica chamada de “jump cut”, em que os cortes quebram a sensação de continuidade e surgem nos momentos mais inesperados. No filme o Belmondo está totalmente Bogart…O filme tem o Glamour do cinema Noar americano, mas você não sabe exatamente algo sobre o personagem. Na cena da Champ eliseé vemos a câmera andando atrás dos personagens. Essa cena ficou imortalizada…Diálogos triviais, câmera na mão. A da personagem com a inscrição “New York Herad Tribune” virou um símbolo para cinéfilos até os dias de hoje.

 


O professor ainda citou os principais filmes dos cineastas da Nouvelle Vague:

Godard: O Pequeno Soldado, A chinesa, O deprezo, O demônio das 11 horas, Viver a vida, Alphaville.

Truffaut: Os incompreendidos, Beijos roubados, Domicílio conjugal e Noite americana.

Shabrow: Os primos, a feia de chocolate, Comédia do poder e Garota dividida em dois.

Rohmer: O Signo do Leão, Amor à tarde, O Joelho de Clair.
Jacques Rivette: Paris nos pertence, A bela intrigante.


Prosseguindo, o professor comentou a era Pós Nouvelle Vague, com o surgimento dos chamados cinemas novos pelo mundo:

A Nouvelle Vague foi precussora de vários movimentos. Na Itália, surge Pier Paolo Pasolini, um multiartista provocador e homossexual. Alguns dos seus filmes marcantes foram Accatone, Mamma Roma e O Evangelho segundo São Mateus. Teorema de 1968, foi proibido no Brasil. É um filme forte do ponto de vista estético.

O professor também comenta a figura de Bernardo Bertolucci cinema Italiano:

Em 1964 Bertolucci traz à tona o filme “Antes da revolução”, onde ele lida com as questões da política, do erotismo e da busca do belo. O Bertolucci conseguia trazer uma mensagem bonita através das coisas triviais. O último tango em Paris foi um dos seus filmes marcantes.

                                   Bernardo Bertolucci

Ciccarini também fenção menção à figura de Werner Herzogg dentro do contexto do cinema alemão pós Nouvelle Vague:

Um dos temas recorrentes na visão de Herzogg é a loucura. Em o Homem urso, a relação do homem com a natureza é marcada pelo conflito. O cinema dele lida muito com isso…com a tentativa do homem de dominar a natureza. Na verdade, ele é um filme sobre a loucura humana. No filme Meu inimigo íntimo ele traz a questão da Kon Klux Kan. Um outro filme que marcou sua trajetória é O Enigma de Kasper Hausem.
Prosseguindo, o professor ainda citou alguns trabalhos do também Alemão Win Wenders: Paris-texas, No decurso do tempo, Asas do desejo (que segundo o professor seria a trama que deu origem ao filme Cidade dos anjos), Tão longe tão perto e O hotel de um milhão de dólares.
Rafael também citou alguns trabalhos de Rainer Fassbinder, outro cineasta alemão: O crescimento de Maria Brown, O desespero de Veronika Voss, Martha e Lola.


                                       Werner Herzogg

O professor também citou o cinema Polônes na figura de Andrzej Waja,o chamado cinesta do Holocausto, que produziu filmes como “Cinzas e Diamantes.”
Roman Polansky, o nome mais conhecido do cinema polônes, também foi citado. Como curiosidade Rafael disse que Ponlansky foi condenado por estrupo e extraditado dos USA. Além disso, sua mulher fora assassinada pelo grupo de Charles Manson.

                                      Roman Polansky

Alguns filmes que marcaram a carreira de Polansky foram O Bebê de Rosimery, O Inquilino, Repulsa. Seus filmes da era neo noar foram Chinatown, Lua de Fel, O Pianista, O último Porta e Oliver Twist.

Finalizando a aula na questão do cinema pelo mundo, Rafael citou a figura de John Cassavezes, que é considerado como sendo o pai do cienam independente norte americano.
Comenta Rafael:

Shadows, de 1959 é um filme muito improvisado. É um jazz movie que virou uma referência para os jovens mais lidos…A sua obra é uma influência do Scorsese, Copolla…a câmera presente no corpo. Corpo incômodo, como desejo, interdição.

Nossa aula foi finalizada com um estudo do excelente Afonso Chagas Corrêa, que iniciou sua fala com a leitura de uma mensagem do livro Vinha de Luz, de Emmanuel.


O teu dom

"Não desprezes o dom que há em ti".
Paulo (I TIMÓTEO, 4:14.)

Em todos os setores de reorganização da fé cristã, nos quadros do Espiritismo contemporâneo, há sempre companheiros dominados por nocivas inquietações.
O problema da mediunidade, principalmente, é dos mais ventilados, esquecendo-se, não raro, o impositivo essencial do serviço.
Aquisições psíquicas não constituem realizações mecânicas.
É indispensável aplicar nobremente as bênçãos já recebidas, a fim de que
possamos solicitar concessões novas.
Em toda parte, há insopitável ansiedade por recolher dons do Céu, sem nenhuma disposição sincera de espalhá-los, a benefício de todos, em nome do Divino Doador. Entretanto, o campo de lutas e experiências terrestres é a obra extensa do Cristo, dentro da qual a cada trabalhador se impõe certa particularidade de serviço.
Diariamente, haverá mais farta distribuição de luz espiritual em favor de quantos se utilizam da luz que já lhes foi concedida, no engrandecimento e na paz da comunidade.
Não é razoável, porém, conferir instrumentos novos a mãos ociosas, que entregam enxadas à ferrugem.
Recorda, pois, meu amigo, que podes ser o intermediário do Mestre, em qualquer parte.
Basta que compreendas a obrigação fundamental, no trabalho do bem, e atendas à Vontade do Senhor, agindo, incessantemente, na concretização dos Celestes Desígnios.
Não te aflijas, portanto, se ainda não recebeste a credencial para o intercâmbio direto com o plano invisível, sob o ponto de vista fenomênico. Se suspiras pela comunicação franca com os espíritos desencarnados, lembra-te de que também és um espírito imortal, temporariamente na Terra, com o dever de aplicar o sublime dom de servir que há em ti mesmo.

XAVIER, F. C.  Vinha de Luz. Pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB. Cópia integral do capítulo 127.

Obs: Em Breve colocaremos no ar o video do estudo feito pelo Afonso.

Terminamos por aqui, abraços a todos e até a próxima!

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Aula - 30/01/2010

Por: Juliana Luiza
Fotos: Janaína Macieira
Vídeos: Thiago Franklin

O mês de Janeiro terminou sob um calor fortíssimo. O ânimo e o entusiasmo dos membros do nosso curso seguiu o seu compasso com determinação. Apesar do calor exarcerbado, do período de férias, o ânimo de nosso grupo seguiu à todo vapor.

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Na aula do dia 30, Thiago Franklin trouxe-nos uma sessão de Curtas produzidos na Escola Livre de Cinema de Belo Horizonte.
A aula iniciou-se com a leitura de uma mensagem.

ALCOÓLATRA
Joaquim Dias

Reunião da noite de 12 de janeiro de 1956.

Emocionadamente, o nosso grupo recebeu a visita de Joaquim Dias, pobre espírito sofredor que nos trouxe o doloroso relato ,de sua experiência, da qual recolhemos amplo material para estudo e meditação.
Alcoólatra!
Que outra palavra existirá na Terra, encerrando consigo tantas potencialidades para o crime?
O alcoólatra não é somente o destruidor de si mesmo. É o perigoso instrumento das trevas, ponte viva para as forças arrasadoras da lama abismal.
O incêndio que provoca desolação aparece numa chispa.
O alcoolismo que carreia a miséria nasce num copinho.
De chispa em chispa, transforma-se .0 incêndio em chamas devoradoras.
De copinho a copinho, o vício alcança a delinqüência.
Hoje, farrapo de alma que foi homem, reconheço que, ontem, a minha tragédia começou assim...
Um aperitivo inocente...
Uma hora de recreio. . .
Uma noite festiva...
Era eu um homem feliz e trabalhador, vivendo em companhia de meus pais, de minha esposa e um filhinho.
Uma ocasião, porém, surgiu em que tive a infelicidade de sorver alguns goles do veneno terrível; disfarçado em bebida elegante, tentando afugentar pequeninos problemas da vida e, desde então, converti-me em zona pestilencial para os abutres da crueldade.
Velhos inimigos desencarnados de nossa equipe familiar fizeram de mim seu intérprete.
A breve tempo, abandonei o trabalho, fugi à higiene e apodreci meu caráter, trocando o lar venturoso pela taverna infeliz. .
Bebendo por mim e por todas as entidades viciosas que nos hostilizavam a casa, falsifiquei documentos, matando meu pai com medicação indevida, depois de arrojá-lo à extrema ruína. .
Mais tarde, tornando-me bestial e inconsciente, espanquei minha mãe, impondo-lhe a enfermidade que a transportou para a sepultura. .
Depois de algum tempo, constrangi minha esposa ao meretrício, para extorquir-lhe dinheiro, assassinan- do-a numa noite de horror e fazendo crer que a infeliz se envenenara usando as próprias mãos e, de meu filho, fiz um jovem salteador e beberrão, muito cedo eliminado pela polícia. . .
Réprobo social, colhia tão-somente as aversões que eu plantava.
Muitas vezes, em relâmpagos de lucidez, admoestava-me a consciência:

- Ainda é tempo! Recomeça! Recomeça!


Entretanto, fizera-me um homem vencido e cercado pelas sombras daqueles que, quanto eu, se haviam consagrado no corpo físico à criminalidade e à viciação, e essas sombras rodeavam-me apressadas, gritando-me, irresistíveis:


- Bebe e esquece! Bebe, Joaquim!


E eu me embriagava, sequioso de olvidar a mim mesmo, até que o delírio agudo me sitiou num catre de amargura e indigência.

A febre, a enfermidade e a loucura consumiram-me a carne, mas não percebi a visitação da morte, porque fui atraído, de roldão, para a turba de delinqüentes a que antes me afeiçoara.
Sofri-lhes a pressão, assimilei-lhes os desvarios e, com eles, procurei novamente embebedar-me.
A taverna era o meu mundo, com a demência irresponsável por meu modo de ser...
Ai de mim, contudo! Chegou o instante em que não mais pude engodar minha sede!...
A insatisfação arrasava-me por dentro, sem que meus lábios conseguissem tocar, de leve, numa gota do liquido tentador.
Deplorando a inexplicável inibição que me agravava os padecimentos, afastei-me dos companheiros para ocultar a desdita de que me via objeto.
Caminhei sem destino, angustiado e semi-louco, até que me vi prostrado num leito espinhoso de terra seca. . .
Sede implacável dominava-me totalmente. . .
Clamei por socorro em vão, invejando os vermes do subsolo.
Palavra alguma conseguiria relatar a aflição com que implorei do Céu uma gota d’água que sustasse a alucinação de minhas células gustativas...
Meu suplicio ultrapassava toda humana expressão. ..
Não passava de uma fogueira circunscrita a mim mesmo.
Começaram, então, para mim, as miragens expiatórias.
Via-me em noite fresca e tranqüila, procurando o orvalho que caía do céu para dessedentar-me, enfim, mas, buscando as bagas do celeste elixir, elas não eram, aos meus olhos, senão lágrimas de minha mãe, cuja voz me atingia, pranteando em desconsolo:

- Não me batas, meu filho! Não me batas, meu filho! . . .


Devolvido à flagelação, via-me sob a chuva renovadora, mas, tentando sorver-lhe o jorro, nele reconhecia o pranto de meu pai, cujas palavras derradeiras me impunham desalento e vergonha:


- Filho meu, por que me arruinaste assim? Arrojava-me ao chão, mergulhando meu ser na corrente poluída que o temporal engrossava sempre, na esperança de aliviar a sede terrível, mas, na própria lama do enxurro, encontrava somente as lágrimas de minha esposa, de mistura com, recriminações dolorosas, fustigando-me a consciência:

- Por que me atiraste ao lodo? e por que me mataste, bandido?
- De novo regressava ao deserto que me acolhia, para logo após

me entregar à visão de fontes cristalinas...


- Enlouquecido de sede, colava a boca ao manancial, que se convertia em taça de fel candente, da qual transbordavam as lágrimas de meu filho, a bradar-me, em desespero:


- Meu pai, meu pai, que fizeste de mim?


Em toda parte, não surpreendia senão lágrimas... Arrastei-me pelos medonhos caminhos de minha peregrinação dolorosa, como um Espírito amaldiçoado que o vício metamorfoseara em peçonhento réptil...

Suspirava por água que me aliviasse o tormento, mas só encontrava pranto...
Pranto de meu pai, de minha mãe, de minha esposa e de meu filho a perseguir-me implacável...
Alma acicatada por remorsos intraduzíveis, amarguei provações espantosas, até que mãos fraternas me trouxeram à bênção da oração...
Piedosos enfermeiros da Vida Espiritual e mensageiros da Bondade Divina, pelos talentos da prece, aplacaram-me a sede, ofertando-me água pura...
Atenuou-se-me o estranho martírio, embora a consciência me acuse...
Ainda assim, amparado por aqueles que vos inspiram, ofereço-vos o triste exemplo de meu caso particular par escarmento daqueles que começam de copinho a copinho, no aperitivo inocente, na hora de recreio ou na noite festiva, descendo desprevenidos para o desequilíbrio e para a morte. . .
E, em vos falando, com o meu sofrimento transformado em palavras, rogo-vos a esmola dos pensamentos amigos para que eu regresse a mim mesmo, na escabrosa jornada da própria restauração.

Psicografia de Francisco Cândido Xavier.


A aula prosseguiu com a exibição de alguns curtas produzidos pela Escola.

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O primeiro filme exibido foi Os Peixes não falam (2005), que tem roteiro e direção de Gleiber Batista. No filme, uma desilusão amorosa leva um homem ao limite de sua existência, provocando um confronto com forças sobrenaturais.

Thiago comenta sobre o filme:

Esse filme foi rodado em película…em 16 mm. Com a câmera da escola, todo o aúdio teve que ser dublado, na pós produção pois a câmera da escola não é Blimpada.

O curta seguinte, já havia sido exibido anteriormente em nossa aula e valeu a pena ser visto novamente. Uma mulher desperta em ambiente estranho e, junto a um ciclista, vê-se aprisionada a uma perturbadora realidade. O filme tem roteiro e direção de Gabriel Martins Alves.
Thiago chamou a atenção para o recurso da animação utilizado na cena do atropelamento:

O recurso da animação é usado como alternativa em cenas que não são possíveis filmar… (principalmente quando não existe recursos). Existem várias maneiras de você fazer uma cena de atropelamento.


Abaixo a exibição dos filmes citados, os quais tem a produção executiva de Cláudio Costa Val.

Obs: Os dois filmes estão no mesmo video abaixo:


O próximo filme exibido foi Xeque-Mate (2005), de apenas 2 minutos de duração. O filme mostra dois homens, um ambiente sombrio, um jogo de xadrez e nada de som...
Um dos atores do filme e o próprio Claúdio Costa Val, professor de nossa turma. O roteiro e a direção são de Pedro Di Lorenzo.

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                                                                      Xeque Mate

A mulher que sabia demais (2005), em seu prosseguimento à exibição dos filmes. O filme, foi inspirado levemente no conto de Wood Allen. Uma investigação leva um detetive a questionar seus sentimentos ao descobrir uma mulher exuberante e uma atividade proibida por lei.

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                                                A Mulher que sabia demais

O próximo filme exibido foi um curta de animação chamado VÔO (2006). O filme traz a história de um menino da cidade grande, que tem sua visão de mundo transformada ao ver o vôo de um pássaro. Essa animação em cor tem a duração de apenas 1 minuto. As animações do referido filme foram produzidas por Felie Fraga Costa Val, Luiz Felipe Maciel Pedro Fraga Costa Val. A direção é de Daniel Franchini.

 voo Vôo

O próximo curta exibido foi Compasso de Espera. Baseado num suposta obra de nome Ensaios inacabados de uma mente doente (fictícia ou não?), o filme tenta trazer à tona o ambiente da confusão mental de um homem, que transforma o ambiente à sua volta em uma espécie de confusão surrealista. O roteiro é de Adrianan Fattini.



Prosseguindo a aula, foi exibido o curta Eu, meu olho e o que me olha (2007), com roteiro e direção de Juliana Paraguassu.
O filme traz um pequeno fragmento de uma tarde de 2010. O circuito interno de vigilância de um prédio revela, conflitos da vida de seus moradores.



O filme seguinte já comentado em nosso blog e exibido em nossa aula foi O Primeiro Passo, dirigido pro Cláudio Costa Val.
Em O Primeiro passo, a personagem sofre em delírios, dentro de um cenário que relembra episódios de sua vida. Uma suposta relação incestuosa entre ela e seu pai define todo a pertubação interior da personagem. Objetos e imagens que remetem ao passado da personagem, um telefone que toca incessantemente e a vozes que lhe chamam todo o tempo, oferecem um tom pertubador ao filme.



O último curta exibido em nossa aula “Se Steve Wonder fosse Deus”. O filme conta a história de um rapaz atormentado que conta ao terapeuta sua experiência com moça que conheçeu pela internet.


A aula foi finalizada com a exibição de um tocante filme de animação da DreamWorks chamado “Jósé, o Rei dos sonhos”, que relata de forma emocionante e quase poética, uma história biblica do velho testamento do personagem José.

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A dublagem de José, o personagem principal, tem a voz do ator Ben Affleck.
Thiago, através deste filme, intentou analisar a questão dos plot points, ou seja, dos pontos de virada do filme, a fim de que isso colaborasse para uma melhor estruturação dos roteiros que estão sendo produzidos por nossa forma.

Para tanto, Thiago desenhou um gráfico no quadro, demonstrando, desta forma, os atos principais do filme. No filme em questão, a divisão dos pontos de virada do filme, foi estruturada da seguinte maneira:

1) A venda de José como escravo pelos irmãos
2) Saída de José da cadeia
3) Reaparecimento de seus irmãos (quando ele já era um membro importante na corte  do Egito)
4) Reconcialiação com os irmãos (Quando os irmãos caem diante dos pés de José).

Comenta Thiago sobre o Gráfico:

Imagem 013(4)Esse gráfico serve para vocês terem uma idéia de como anda os conflitos no roteiro. Geralmente quando os conflitos se cruzam temos o Plot Point.

 

Terminamos por aqui, abraços a todos e até a próxima!

Obs: Os filmes utilizados na aula e no Blog são para ilustrar, mostrar tecnicas cinematograficas e gerar discussão no aspecto de produção. Eles não necessariamente refletem as ideias dos participantes, idealizadores do Curso e da Doutrina Espírita.