terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Aula - 30/01/2010

Por: Juliana Luiza
Fotos: Janaína Macieira
Vídeos: Thiago Franklin

O mês de Janeiro terminou sob um calor fortíssimo. O ânimo e o entusiasmo dos membros do nosso curso seguiu o seu compasso com determinação. Apesar do calor exarcerbado, do período de férias, o ânimo de nosso grupo seguiu à todo vapor.

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Na aula do dia 30, Thiago Franklin trouxe-nos uma sessão de Curtas produzidos na Escola Livre de Cinema de Belo Horizonte.
A aula iniciou-se com a leitura de uma mensagem.

ALCOÓLATRA
Joaquim Dias

Reunião da noite de 12 de janeiro de 1956.

Emocionadamente, o nosso grupo recebeu a visita de Joaquim Dias, pobre espírito sofredor que nos trouxe o doloroso relato ,de sua experiência, da qual recolhemos amplo material para estudo e meditação.
Alcoólatra!
Que outra palavra existirá na Terra, encerrando consigo tantas potencialidades para o crime?
O alcoólatra não é somente o destruidor de si mesmo. É o perigoso instrumento das trevas, ponte viva para as forças arrasadoras da lama abismal.
O incêndio que provoca desolação aparece numa chispa.
O alcoolismo que carreia a miséria nasce num copinho.
De chispa em chispa, transforma-se .0 incêndio em chamas devoradoras.
De copinho a copinho, o vício alcança a delinqüência.
Hoje, farrapo de alma que foi homem, reconheço que, ontem, a minha tragédia começou assim...
Um aperitivo inocente...
Uma hora de recreio. . .
Uma noite festiva...
Era eu um homem feliz e trabalhador, vivendo em companhia de meus pais, de minha esposa e um filhinho.
Uma ocasião, porém, surgiu em que tive a infelicidade de sorver alguns goles do veneno terrível; disfarçado em bebida elegante, tentando afugentar pequeninos problemas da vida e, desde então, converti-me em zona pestilencial para os abutres da crueldade.
Velhos inimigos desencarnados de nossa equipe familiar fizeram de mim seu intérprete.
A breve tempo, abandonei o trabalho, fugi à higiene e apodreci meu caráter, trocando o lar venturoso pela taverna infeliz. .
Bebendo por mim e por todas as entidades viciosas que nos hostilizavam a casa, falsifiquei documentos, matando meu pai com medicação indevida, depois de arrojá-lo à extrema ruína. .
Mais tarde, tornando-me bestial e inconsciente, espanquei minha mãe, impondo-lhe a enfermidade que a transportou para a sepultura. .
Depois de algum tempo, constrangi minha esposa ao meretrício, para extorquir-lhe dinheiro, assassinan- do-a numa noite de horror e fazendo crer que a infeliz se envenenara usando as próprias mãos e, de meu filho, fiz um jovem salteador e beberrão, muito cedo eliminado pela polícia. . .
Réprobo social, colhia tão-somente as aversões que eu plantava.
Muitas vezes, em relâmpagos de lucidez, admoestava-me a consciência:

- Ainda é tempo! Recomeça! Recomeça!


Entretanto, fizera-me um homem vencido e cercado pelas sombras daqueles que, quanto eu, se haviam consagrado no corpo físico à criminalidade e à viciação, e essas sombras rodeavam-me apressadas, gritando-me, irresistíveis:


- Bebe e esquece! Bebe, Joaquim!


E eu me embriagava, sequioso de olvidar a mim mesmo, até que o delírio agudo me sitiou num catre de amargura e indigência.

A febre, a enfermidade e a loucura consumiram-me a carne, mas não percebi a visitação da morte, porque fui atraído, de roldão, para a turba de delinqüentes a que antes me afeiçoara.
Sofri-lhes a pressão, assimilei-lhes os desvarios e, com eles, procurei novamente embebedar-me.
A taverna era o meu mundo, com a demência irresponsável por meu modo de ser...
Ai de mim, contudo! Chegou o instante em que não mais pude engodar minha sede!...
A insatisfação arrasava-me por dentro, sem que meus lábios conseguissem tocar, de leve, numa gota do liquido tentador.
Deplorando a inexplicável inibição que me agravava os padecimentos, afastei-me dos companheiros para ocultar a desdita de que me via objeto.
Caminhei sem destino, angustiado e semi-louco, até que me vi prostrado num leito espinhoso de terra seca. . .
Sede implacável dominava-me totalmente. . .
Clamei por socorro em vão, invejando os vermes do subsolo.
Palavra alguma conseguiria relatar a aflição com que implorei do Céu uma gota d’água que sustasse a alucinação de minhas células gustativas...
Meu suplicio ultrapassava toda humana expressão. ..
Não passava de uma fogueira circunscrita a mim mesmo.
Começaram, então, para mim, as miragens expiatórias.
Via-me em noite fresca e tranqüila, procurando o orvalho que caía do céu para dessedentar-me, enfim, mas, buscando as bagas do celeste elixir, elas não eram, aos meus olhos, senão lágrimas de minha mãe, cuja voz me atingia, pranteando em desconsolo:

- Não me batas, meu filho! Não me batas, meu filho! . . .


Devolvido à flagelação, via-me sob a chuva renovadora, mas, tentando sorver-lhe o jorro, nele reconhecia o pranto de meu pai, cujas palavras derradeiras me impunham desalento e vergonha:


- Filho meu, por que me arruinaste assim? Arrojava-me ao chão, mergulhando meu ser na corrente poluída que o temporal engrossava sempre, na esperança de aliviar a sede terrível, mas, na própria lama do enxurro, encontrava somente as lágrimas de minha esposa, de mistura com, recriminações dolorosas, fustigando-me a consciência:

- Por que me atiraste ao lodo? e por que me mataste, bandido?
- De novo regressava ao deserto que me acolhia, para logo após

me entregar à visão de fontes cristalinas...


- Enlouquecido de sede, colava a boca ao manancial, que se convertia em taça de fel candente, da qual transbordavam as lágrimas de meu filho, a bradar-me, em desespero:


- Meu pai, meu pai, que fizeste de mim?


Em toda parte, não surpreendia senão lágrimas... Arrastei-me pelos medonhos caminhos de minha peregrinação dolorosa, como um Espírito amaldiçoado que o vício metamorfoseara em peçonhento réptil...

Suspirava por água que me aliviasse o tormento, mas só encontrava pranto...
Pranto de meu pai, de minha mãe, de minha esposa e de meu filho a perseguir-me implacável...
Alma acicatada por remorsos intraduzíveis, amarguei provações espantosas, até que mãos fraternas me trouxeram à bênção da oração...
Piedosos enfermeiros da Vida Espiritual e mensageiros da Bondade Divina, pelos talentos da prece, aplacaram-me a sede, ofertando-me água pura...
Atenuou-se-me o estranho martírio, embora a consciência me acuse...
Ainda assim, amparado por aqueles que vos inspiram, ofereço-vos o triste exemplo de meu caso particular par escarmento daqueles que começam de copinho a copinho, no aperitivo inocente, na hora de recreio ou na noite festiva, descendo desprevenidos para o desequilíbrio e para a morte. . .
E, em vos falando, com o meu sofrimento transformado em palavras, rogo-vos a esmola dos pensamentos amigos para que eu regresse a mim mesmo, na escabrosa jornada da própria restauração.

Psicografia de Francisco Cândido Xavier.


A aula prosseguiu com a exibição de alguns curtas produzidos pela Escola.

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O primeiro filme exibido foi Os Peixes não falam (2005), que tem roteiro e direção de Gleiber Batista. No filme, uma desilusão amorosa leva um homem ao limite de sua existência, provocando um confronto com forças sobrenaturais.

Thiago comenta sobre o filme:

Esse filme foi rodado em película…em 16 mm. Com a câmera da escola, todo o aúdio teve que ser dublado, na pós produção pois a câmera da escola não é Blimpada.

O curta seguinte, já havia sido exibido anteriormente em nossa aula e valeu a pena ser visto novamente. Uma mulher desperta em ambiente estranho e, junto a um ciclista, vê-se aprisionada a uma perturbadora realidade. O filme tem roteiro e direção de Gabriel Martins Alves.
Thiago chamou a atenção para o recurso da animação utilizado na cena do atropelamento:

O recurso da animação é usado como alternativa em cenas que não são possíveis filmar… (principalmente quando não existe recursos). Existem várias maneiras de você fazer uma cena de atropelamento.


Abaixo a exibição dos filmes citados, os quais tem a produção executiva de Cláudio Costa Val.

Obs: Os dois filmes estão no mesmo video abaixo:


O próximo filme exibido foi Xeque-Mate (2005), de apenas 2 minutos de duração. O filme mostra dois homens, um ambiente sombrio, um jogo de xadrez e nada de som...
Um dos atores do filme e o próprio Claúdio Costa Val, professor de nossa turma. O roteiro e a direção são de Pedro Di Lorenzo.

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                                                                      Xeque Mate

A mulher que sabia demais (2005), em seu prosseguimento à exibição dos filmes. O filme, foi inspirado levemente no conto de Wood Allen. Uma investigação leva um detetive a questionar seus sentimentos ao descobrir uma mulher exuberante e uma atividade proibida por lei.

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                                                A Mulher que sabia demais

O próximo filme exibido foi um curta de animação chamado VÔO (2006). O filme traz a história de um menino da cidade grande, que tem sua visão de mundo transformada ao ver o vôo de um pássaro. Essa animação em cor tem a duração de apenas 1 minuto. As animações do referido filme foram produzidas por Felie Fraga Costa Val, Luiz Felipe Maciel Pedro Fraga Costa Val. A direção é de Daniel Franchini.

 voo Vôo

O próximo curta exibido foi Compasso de Espera. Baseado num suposta obra de nome Ensaios inacabados de uma mente doente (fictícia ou não?), o filme tenta trazer à tona o ambiente da confusão mental de um homem, que transforma o ambiente à sua volta em uma espécie de confusão surrealista. O roteiro é de Adrianan Fattini.



Prosseguindo a aula, foi exibido o curta Eu, meu olho e o que me olha (2007), com roteiro e direção de Juliana Paraguassu.
O filme traz um pequeno fragmento de uma tarde de 2010. O circuito interno de vigilância de um prédio revela, conflitos da vida de seus moradores.



O filme seguinte já comentado em nosso blog e exibido em nossa aula foi O Primeiro Passo, dirigido pro Cláudio Costa Val.
Em O Primeiro passo, a personagem sofre em delírios, dentro de um cenário que relembra episódios de sua vida. Uma suposta relação incestuosa entre ela e seu pai define todo a pertubação interior da personagem. Objetos e imagens que remetem ao passado da personagem, um telefone que toca incessantemente e a vozes que lhe chamam todo o tempo, oferecem um tom pertubador ao filme.



O último curta exibido em nossa aula “Se Steve Wonder fosse Deus”. O filme conta a história de um rapaz atormentado que conta ao terapeuta sua experiência com moça que conheçeu pela internet.


A aula foi finalizada com a exibição de um tocante filme de animação da DreamWorks chamado “Jósé, o Rei dos sonhos”, que relata de forma emocionante e quase poética, uma história biblica do velho testamento do personagem José.

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A dublagem de José, o personagem principal, tem a voz do ator Ben Affleck.
Thiago, através deste filme, intentou analisar a questão dos plot points, ou seja, dos pontos de virada do filme, a fim de que isso colaborasse para uma melhor estruturação dos roteiros que estão sendo produzidos por nossa forma.

Para tanto, Thiago desenhou um gráfico no quadro, demonstrando, desta forma, os atos principais do filme. No filme em questão, a divisão dos pontos de virada do filme, foi estruturada da seguinte maneira:

1) A venda de José como escravo pelos irmãos
2) Saída de José da cadeia
3) Reaparecimento de seus irmãos (quando ele já era um membro importante na corte  do Egito)
4) Reconcialiação com os irmãos (Quando os irmãos caem diante dos pés de José).

Comenta Thiago sobre o Gráfico:

Imagem 013(4)Esse gráfico serve para vocês terem uma idéia de como anda os conflitos no roteiro. Geralmente quando os conflitos se cruzam temos o Plot Point.

 

Terminamos por aqui, abraços a todos e até a próxima!

Obs: Os filmes utilizados na aula e no Blog são para ilustrar, mostrar tecnicas cinematograficas e gerar discussão no aspecto de produção. Eles não necessariamente refletem as ideias dos participantes, idealizadores do Curso e da Doutrina Espírita.