sábado, 30 de janeiro de 2010

Roteiro – Aula 4

Nosso curso contou mais uma vez com a experiência do excelente Claúdio Costa Val.

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Nesta aula, em específico, alguns roteiros produzidos por membros de nosso grupo foram apresentados.
A aula foi iniciada com a leitura da mensagem “Coisas invísiveis”, do Livro Pão Nosso, ditado pelo espírito Emmanuel na psicografia de Francisco Cândido Xavier.

CAPÍTULO 55 - COISAS INVISÍVEIS

“Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade se estendem e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas.” 
Paulo - (ROMANOS, CAPÍTULO 1, VERSÍCULO 20.)


O espetáculo da Criação Universal é a mais forte de todas as manifestações contra o materialismo ne¬gativista, filho da ignorância ou da insensatez.   São as coisas criadas que falam mais justamen¬te da natureza invisível. Onde a atividade que se desdobre sem base? Toda forma inteligente nasceu de uma disposição inteligente. O homem conhece apenas as causas de suas realizações transitórias, ignorando, contudo, os mo¬tivos complexos de cada ângulo do caminho. A pai¬sagem exterior que lhe afeta o sensório é uma parte minúscula do acervo de criações divinas, que lhe sustentam o habitat, condicionado às suas possibi¬lidades de aproveitamento. O olho humano não verá, além do limite da sua capacidade de suportação. A criatura conviverá com os seres de que necessita no trabalho de elevação e receberá ambiente ade¬quado aos seus imperativos de aperfeiçoamento e progresso, mas que ninguém resuma a expressão vital da esfera em que respira no que os dedos mortais são suscetíveis de apalpar. Os objetos visíveis no campo de formas efêmeras constituem breve e transitória resultante das forças invisíveis no plano eterno. Cumpre os deveres que te cabem e receberás os direitos que te esperam. Faze corretamente o que te pede o dia de hoje e não precisarás repetir a experiência amanhã.

Livro Pão Nosso – Pelo Espírito de Emmanuel

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Costa Val deu início a sua exposição com a exibição de dois curtas, produzidos na Escola Livre de Cinema.
Os curtas, “O Primeiro passo”, dirigido pelo próprio Costa Val e “Quatro passos”, dirigido por Gabriel Martins Alves, mostraram personagens vivendo situações bem incômodas. Os filmes tem em comum, além do título, personagens que estão numa realidade surreal e desperadora; personagens que não encontram respostas para os seus dramas subjetivos e estão numa situação limítrofe. 
Imagem 011(2)Em “O Primeiro passo”, a personagem sofre em delírios, dentro de um cenário que relembra episódios de sua vida. Uma suposta relação incestuosa entre ela e seu pai define todo a pertubação interior da personagem. Objetos e imagens que remetem ao passado da personagem, um telefone que toca incessantemente e a vozes que lhe chamam todo o tempo, oferecem um tom pertubador ao filme.

Já no curta “Quatro passos”, a personagem, misteriosamente, acorda repetidas vezes dentro de um cenário confuso e se encontra sempre com um rapaz que lhe diz frases sem nexo.

Diz Costa Val:

O primeiro filme, tem uma estrutura redonda, misteriosa. A leitura vem de várias coisas e da vivência. São filmes bem fortes, que nos colocam numa situação incômoda, e ruídos torturantes, que nos remetem ao estado dos personagens. Ambos personagens encontram respostas. Ficamos aliviados quando eles encontram suas respostas. Vocês estão trabalhando a temática espírita. Esse filme “Quatro Passos” a estrutura é celular, a personagem acorda e sai pra rua, apénas na terceira vez é revelado o motivo. São pontos de virada que nos colocam no mesmo estado da personagem.   Novas informações nos promovem supresa e nos coloca na mesma posição do drama vivido. Esses curtas exibidos são filmes de suspense. Esta é a visão Aristotélica, é o que ocorre, por exemplo, em filmes como O sexto sentido, onde personagem e telespectador entendem a trama ao mesmo tempo. E é quando isso acontece para o personagem e o telespectador,  que temos o efeito dramático.

A aula prosseguiu com a análise de alguns roteiros de nossa turma. Costa Val analisou minuciosamente os roteiros escritos. Os roteiros em questão foram “Meimei” (de Juliana), “O pão” (de Aléxia), “O recomeço” (De Daniel), “Pequeno grande presente” (De Daniela), “Pequenas Lâmpadas humanas”, (De André) e o roteiro do nosso companheiro Fredinho que é o Pai mais “fresco” da turma e não esta podendo comparecer a as aulas por ter que dar suporte ao seu novo rebento! Que Jesus Abençõe (Estamos sentindo a sua falta!)
 
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Costa Val, criticando construtivamente nossos trabalhos, chamou a atenção para o fato de que, algumas histórias que grupo construiu estavam por demais didáticas . Diz o professor:

Temos que achar o meio termo para criar interesse no telespectador. Senão se torna algo enfadonho. O que nos guia é sempre o Pitch Line. Quando temos o Pitch line como guia temos todos o universo à nossa frente. (…)

O livro “Da criação ao roteiro” de Doc Comparatto, diz que um roteiro tem uma cara pronta pra filmar somente depois da décima reescrita. (…)

Todo personagem numa estrutura dramática se ferra. Mas ele sempre acha uma saída. Um personagem que se sacrifica por algo que ele acredita é bem melhor. (…)

Nosa colega Aléxia também comentou:

Não é o trato da escrita em si que é complicado, mas como a história vai aparecer na imagem…

Comentou querendo dizer que o mais dificil é imaginar a ação no sendo colocada no papel e nem tanto a carpintaria da escrita do roteiro.
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Costa Val prossegue:

Na nossa formação trabalhamos o logos e a palavra. Escrever para imagem e para som, necessita de um apuro técnico e criativo. Quando estamos escrevendo qualquer obra dentro de um objetivo, quremos que o telespectador admire a obra. (…)

Em relação à temática espírita, como ser menos explícito? Se eu me disponho a falar de determinado assunto é preciso conhecer deste assunto. (…) Tem que haver uma expectativa, uma apreensão. (…) Devemos analisar tecnicamente o conteúdo e perguntar smepre O QUE, ONDE, PORQUE E QUANDO. (…)

Costa Val também comentou a importância de se valorizar as cenas de transição e solicitou Imagem 013(2)que reescrevêssemos certas cenas dos roteiros, colocando alguns conflitos na ação. Alguns diálogos estavam didáticos ou literários por demais, por serem alguns, adaptações de livros. Por outro lado, alguns roteiros tinham muitos diálogos, se tornando por demais extensos. Por isso foram sugeridas algumas modificações.

Diz o professor:

Alguns roteiros ficaram por demais didáticos. Vocês tem que transformar isso em mais ações e diálogos mais curtos. Se faz preciso dividir os apontamentos em cenas bem delineadas. Eu acho que vocês precisam fazer uma reescrita desses roteiros. Na escrita do roteiro nos somos obrigados a dialogar com tudo. É importante perceber nos bons filmes o que tem informação clara e passar falsas pistas…

A aula foi finalizada com a exibição do making off do filme ”Bem próximo do mal”, de Sérgio Gomes, o Serginho, professor de técnica cinematográfica de nosso curso.

O que chamou a atenção do grupo, foi o fato de que o filme “Bem próximo do mal”, foi orçado em cerca de um milhão e meio de reais. No entanto, devido a falta de patrocínio e apoio, o filme foi produzido com R$7.000.

Serginho diz que:

“Pouco dinheiro exercita a criatividade. É um filme fiel ao roteiro, sem abrir mão da qualidade”.

ABRAÇOS A TODOS E ATÉ A PRÓXIMA!

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Celtx e outros aprendizados


Por Juliana Luiza
Fotos: André Crispim

A aula deste domingo foi comandada pelo membro de nosso grupo, Thiago Franklin.


 

A aula foi iniciada com uma leitura belíssima da lição “Granjeai amigos”, do livro Pão Nosso, uma psicografia do espírito Emmanuel por Chico Xavier que inserimos a seguir:
"Também vos digo: granjeai amigos com as riquezas da injustiça." - Jesus. (Lucas, 16:9)


Se o homem conseguisse, desde a experiência humana, devassar o pretérito profundo, chegaria mais rapidamente à conclusão de que todas as possibilidades que o felicitam, em conhecimento e saúde, provêm da Bondade Divina e de que a maioria dos recursos materiais, à disposição de seus caprichos, procede da injustiça.

Não nos cabe particularizar e, sim, deduzir que as concepções do direito humano se originaram da influência divina, porque, quanto a nós outros, somos compelidos a reconhecer nossa vagarosa evolução individual do egoísmo feroz para o amor universalista, da iniqüidade para a justiça real.
Bastará recordar, nesse sentido, que quase todos os Estados terrestres se levantaram, há séculos, sobre conquistas cruéis. Com exceções, os homens têm sido servos dissipadores que, no momento do ajuste, não se mostram à altura da mordomia. Eis por que Jesus nos legou a parábola do empregado infiel, convidando-nos à fraternidade sincera para que, através dela, encontremos o caminho da reabilitação.

O Mestre aconselhou-nos a granjear amigos, isto é, a dilatar o círculo de simpatias em que nos sintamos cada vez mais intensivamente amparados pelo espírito de cooperação e pelos valores intercessórios.

Se o nosso passado espiritual é sombrio e doloroso, busquemos simplificá-lo, adquirindo dedicações verdadeiras, que nos auxiliem através da subida áspera da redenção. Se não temos hoje determinadas ligações com as riquezas da injustiça, tivemo-las, ontem, e faz-se imprescindível aproveitar o tempo para o nosso reajustamento individual perante a Justiça Divina.
Pelo Espírito de Emmanuel
Psicografado por Francisco Cândido Xavier
Livro - "Pão Nosso"

A aula se iniciou com a exibição de um filme Irariano “O silêncio”, (Sakout, 1998). Thiago trouxe o filme no intento de mostrar algumas abordagens do professor Rafel Ciccarini. Diz Thiago:

“O Rafael gosta de discutir esse tipo de filme. É um cinema no qual podemos apreciar os planos das cenas…”

Nossa turma assistiu com especial interesse o filme, que em sua simplicidade, traz algumas cenas tocantes e por vezes poéticas.
Dirigido por Mohsen Makhmalbaf, O silêncio aborda a realidade de um garoto cego, de nome Khorshid.O garoto é um afinador de instrumentos tradicionais numa oficina dirigida por um velho artesão. Korshid vive com sua mãe e tem uma vida bastante simples. A vida do menino é completamente regulada pelos ritmos e o som da música que influem em todas as ações.

A beleza da voz de uma vendedora de pães, por exemplo, encanta Khorshid. O menino diz uma frase tocante na referida cena: “Mãe, o pão dela é seco, mas ela tinha bonita voz”.
As músicas ouvidas nos seus caminhos o faz esquecer a sua própria realidade e as suas responsabilidades, como o emprego que ele tinha como afinador de instrumento.  Assim, para se desculpar de atraso ao serviço, o menino disse ao patrão: “Se eu me atrasei foi por causa da música…eu sempre tapava as minhas orelhas.





Numa determinada cena, passada num ônibus, o garoto tapa os ouvidos. Outras crianças que também estão no ônibus acham estranha essa atitude. O menino diz: “Seus olhos a destraem. Se você fechar os olhos aprenderá melhor”.

Khorshid é obcecado por quatro batidas que o acompanham diariamente, quatro batidas harmonizadas de maneira que o fazem lembrar das primeiras notas da quinta sinfonia de Beethoven.
Nos seus caminhos, Khorshid é seguido por uma simpática garotinha de nome Nadirah. Nadirah, que se veste de roupas coloridas e decora as unhas com pétalas de flores, está sempre ponta a oferecer os melhores conselhos ao seu amigo e ser sua guia pelos seus caminhos confusos.

Thiago chamou a atenção para que verificássemos a questão do enquadramento e dos planos mais longos e abertos no filme. Sendo interessante que servisse de base alguns aspectos do filme para a produção de curtas, já que “O silêncio” mostra um trato diferente com relação à imagem, constrói uma linguagem própria, explorando com vigor qualidades visuais e sonoras.

Após a exibição do filme os membros de nosso grupo fizeram alguns comentários. O consenso geral era de que muitos dos aspectos do filme, e até mesmo as expressões dos personagens, por vezes apática, tinham um jeito extremamente distinto do cinema usual, o qual estamos costumados a assistir.
Todos concordaram, entretanto, que o filme tem uma mensagem universal sobre a sensibilidade. A simplicidade do cinema iraniano, com cenas ternas, próximas da natureza e com diálogos curtos, será com certeza motivo para repensarmos vários aspectos da produção cinematográfica, no intuito de fazer um cinema que consiga alcançar diversos aspectos da alma humana.

Na segunda parte da aula, Thiago explicitou os pormenores do Programa CELTX, um “processador de texto” criado especialmente para roteiros. Portanto, o maior destaque deste programa é a ferramenta para elaboração de roteiros, com intuitivos atalhos para a sua formação, que é a padrão do cinema.

O endereço para dowload do programa é 
http://celtx.com/download.html

Thiago iniciou sua explanação sobre o CELTEX elucidando que, ao abrimos o programa, ele nos oferecem várias opções. No entanto, somente a parte central que nos interessaria, da questão da escrita do roteiro propriamente diata.

celtx.png

Foi lucidado algumas questões importantes em relação ao CELTX e exemplificou a escrita do roteiro, usando roteiros produzidos por membros de nosso grupo. Abaixo resumimos algumas da suas explicações:
  • Sempre que vocês forem escrever, escrevam o título do filme (Clicando em página título)
  • Deve-se sempre colocar uma tralha # na frente da indicação da cena. O cabeçalho deve vir sempre em caixa alta, tal como no exemplo #1 HALL DE ENTRADA/ INT/DIA.
  • A ação é sempre o que está acontecendo na cena. O que está sendo filmado. Você faz o cabeçalho, dá enter e vai para a ação.
  • Toda vez que entrar o personagem você coloca o seu nome em caixa ala.
  • A vantagem desse programa é que ele tem corretor ortográfico.
  • os diálogos do CELTX são colocados sempre na parte central. Já a rubrica, vai entrar embaixo do personagem. Exemplo:                      
                                   LAURA
                                (chorando)        
  • Cena de crédito é também é feita pelo roteirista
  • Na formatação padrão, o CELTX não coloca o nome do personagem em negrito
  • Em relação ao tamanho do papel, colocar o papel que você irá imprimir. O ideal é utilizar o tamanhoa A4
  • Na verdade o roteiro é feito de cenas, personagens, partes do cenário, entre outras coisas. Você pode inserir antes do roteiro o perfil do personagem, entre outras informações que julgue relevante.
  • O montador e o diretor têm que ter uma afinidade muito boa. Se você tem um diretor que é aberto a outras ideias facilita muito o trabalho, na hora da edição.


A aula prosseguiu com Thiago exibindo um curta intitulado “No ponto”, produzido por ele na Escola Livre de cinema. Thiago mostrou algumas curiosidades na produção do curta.
Foi mostrado também as fotografias still no processo de criação de making off. Thiago elucidou que o referido curta foi filmado em dois dias e foi bem trabalhoso.











A aula foi finalizada com a exibição do filme “Perro Come Perro” (Cão come cão-2008), um filme Colombiano dirigido por Carlos Moreno.





O filme traz a história de um poderoso traficante de drogas de Cali, que começa a praticar maldades para vingar a morte de seu afilhado.
O filme causou um certo desconforto em alguns membros de nosso grupo, devido principamente a algumas cenas de violência exacerbada.



Entretanto, Thiago intentou mostrar com o filme os aspectos de uma montagem muito bem feita e a câmera sempre conduzindo para o interior dos personagens, de uma forma bem realista. A fotografia do filme retrata o calor e o suor de um ambiente violento e decadente. Além disso, o filme mostra uma certa questão espiritual, abordando a obsessão.
O desconforto produzido pela exibição do filme deu vazão a várias discussões produtivas, no sentido do grupo repensar o que é realmente produzir cinema ou que aspectos devemos ou não abordar no Cinema Espírita.
Helen, membro do nosso grupo, nos trouxe uma opinião bem interessante em nossa lista de discussão, que sintetiza bem essa questão da produção da arte e do cinema espírita. Reproduzimos abaixo a referida mensagem:

Eu sempre adorei filmes e assisti e assisto a todos os gêneros (exceto terror e massacre da serra elétrica). E nunca me senti afetar por eles.
Eu sempre tive para mim, que são ficção. Quando acabam, tudo se desfaz.
E eu já passo para o próximo filme, sem maiores preocupações.
De todos os filmes que assisto, eu sempre tiro alguma lição positiva.
Em alguns, ultimamente, eu sinto a necessidade de fazer preces depois.
Por aqueles que se encontravam ainda nesses contextos negativos, e por mim, para afastar-me desses contextos.
Por isso, tive uma grande surpresa, com os fatos que eu vou narrar abaixo.
Desde os 14 anos, leio as obras espíritas de André Luiz, pois, morávamos no interior e minha mãe teve a oportunidade de aproximar-se de um Sr. espírita e ele emprestou-lhe os livros da série. Ela gostou e passou para que lessemos.
Começamos de Nosso Lar, e fomos seguindo a sequencia.
Eu tive que pular dois livros: Ação e Reação e Libertação.
Eu começava a ler os livros e me sentia como o Henrique descreveu. Qdo eu insistia na leitura, chegava a ter náuseas, sentia cheiros e sentia um pavor interno enorme, sufocante. E ficava dias tendo pesadelos.
Anos mais tarde, já na faculdade, e morando em BH, tentei lê-los novamente, pois, me foram emprestados por uma amiga.
Novamente, tive essa reação violenta.
Em 2003, começei a frequentar regularmente o Grupo Emmanuel e estudar com mais profundidade e regularidade a doutrina espírita.
Como o grupo estuda muito as obras de Emmanuel e de André Luiz, lá estou eu novamente envolvida com a série. Relendo tudo.
Ao chegar nesses dois livros, empaquei de novo. Com os mesmos sintomas.
Somente agora, em 2008, quando estava sem nenhum livro novo em casa, resolvi pegar esses livros para tentar ler. Tenho a série completa na estante.
Comecei com o Ação e Reação.
Senti um desconforto inicial, com as cenas descritas pelo André Luiz, mas, consegui prosseguir na leitura e cheguei até o final do livro, simplesmente encantada e renovada com a leitura.
Arrisquei a pegar o Libertação, e hoje, considero um dos livros mais belos que eu já li na minha vida. Até digitei a prece da página 190, para fazê-la de vez em quando.
O interessante é que as descrições de André Luiz, ao longo desses livros, tanto das paisagens, quanto das sensações que ele tinha, e dos cheiros que ele sentia, eram, para mim, muito familiares, e eu tinha a sensação de conhecer muito bem aquilo tudo.
Tenho para mim, que eu devo ter sido resgatada dessas regiões, e deve ter sido coisa recente, pois, as memórias e o sofrimento ainda estavam muito vívidos na minha mente. Ao ler os livros, é como se eu revivesse aqueles contextos.
E a grande empatia que eu tive, com os espíritos em dificuldades, também foi, para mim,  um fato sugestivo disso. Eu entendia claramente os raciocínios e os sentimentos deles.
Senti uma enorme alegria, ao conseguir ler esses livros.
Pretendo lê-los de novo, pois, têm muito a me ensinar.
Para mim, foi um sinal de que alguma conquista eu devo ter conseguido amealhar durante o meu processo de vida.
Não está sendo uma reencarnação totalmente perdida... (rs rs rs).
Em qualquer contexto que estejamos, seja levados por circunstancias da vida, ou pela arte cinematográfica, penso que precisamos nos esforçar para trabalharmos a sintonia mental.
Pois, a sintonia mental é nossa, e não do contexto!!!!
Por isso Jesus aconselhou a olhar, vigiar e orar.
Ele sabia dessa nossa dificuldade em manter a sintonia elevada, em todas as circunstâncias, em função do nosso nível evolutivo.
É por isso, que são os espíritos de alta envergadura que fazem o resgate de espíritos nas regiões umbralinas.
E Maria Dolores conta que foi Maria, o espírito a descer às cavernas para resgatar Judas...
Durante toda a minha vida, minha oração favorita sempre foi o Salmo 23.
E eu sempre acreditei e me amparei na parte que dizia " e ainda que eu caminhe, pelo vale da sombra e da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo".
Eu sempre acreditei que Deus tem esse poder de nos "atravessar" pelas zonas de perigo, de sombras e de turbulência. Sejam quais forem. 
Minha proposta de reflexão é esta: "Como eu posso trabalhar a minha sintonia com os planos mais altos, independente do contexto?"
(Seja numa "fechada" no transito, ou assistindo a um filme ou noticiário de TV...


Finalizamos nosso relato de hoje cheios de esperanças e tranquilos na certeza de que podemos tirar boas lições de todo tipo de experiência.
Abraços a todos e até a próxima.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Montagem – Aula 2

Por Juliana Luiza
Fotos: Janaína Macieira, Thiago Franklin

A primeira aula do ano, iniciada sob as brisas esperançosas de um 2010 que começa com muitas expectivas, contou com a experiência de Guigo Pádua.

Guigo é graduado pela Escula Internacional de Cine y Tv (EICTV- Cuba) em 91, de lá pra cá Trabalhou como montador e editor de alguns filmes. Ele chegou também a presidir a Associação Brasileira de Documentaristas e Curtas-Metragistas (ABD), é o responsável pelos exames de  seleção para a EICTV.

Guigo

Guigo dá noções gerais sobre linguagem cinematográfica e boas noções sobre Montagem. Ilustrando seus exemplos com filmes clássicos, ele mostra aos alunos a importância de estudar os filmes, aprender com as experimentações de cada época, entender que como a montagem se desenvolveu ao longo dos anos e constrói a nossa percepção de linguagem cinematográfica hoje em dia.

A aula foi iniciada com o professor elucidando um trecho de O nascimento de uma nação,The Birth of a Nation, do diretor Norte- Americano D.W.Griffith. o filme afirma e promove o contexto cultural para o aparecimento Ku Klux Klan.


Guigo comenta:

O filme mostra a trajetória da reconstrução dos E.U.A, sempre do ponto de vista do Sul. (…) 90% dos atores negros são brancos pintados.

O professor, como curiosidade, salientou que Lilian Gish, atriz do referido filme, era a atriz principal dos filmes de Griffith.
Sobre Griffith, o professor elucida:

O Porter lançou as bases. O Griffith consolidou. Ele faz muito os cortes perceptíveis (…). Ele descobriu os padrões da linguagem tradicional do cinema.

Prosseguindo, o professor comentou sobre os vanguardistas do final dos anos 10, no movimento surrealista. Foram mostradas algumas cenas de O Cão Andaluz ( Un Chien Andalou, 1929) de Luiz Buñuel. Filme este que foi citado pelo professor, como sendo um dos filmes chaves do referido movimento. Sobre o filme, Guigo comentou:                                                   

Por mais que o filme rompesse com a estética dominante, ele tem muitos elementos dialéticos, tem uma montagem dialética. Esse filme foi escrito pelo Buñel em parceria com Salvador Dali. Depois deste filme, Buñuel e Dali romperam (…). Dali foi acusado pelo movimento surrealista de somente querer dinheiro com suas obras (…). Se os soviéticos quiseram fazer o telespectador refletir sobre a questão política, os surrealistas buscavam uma visão mais poética, mais onírica (…). Em algum lugar vai haver uma explicação sobre determinadas coisas.

 

A aula prosseguiu elucidando o movimento dadaísta, com o filme Entr'acte (1924), do cineasta francês René Clair. Comenta o professor:

Vários intelectuais e artistas se juntaram para fazer sse filme. Jean Renoir (filho do lendário pintor Pierre August Renoir) fazia parte do grupo. Esse filme foi feito para ser passado no intervalo de um balé. Foi uma primeira experiência multimídia, pois assim dizer. O movimento dadaísta caracterizava-se por uma coisa mais automatizada. Não se elaborava com uma imagem consecutiva. Entr’acte não é um filme que tenha um personagem seguindo. O único moto contínuo é uma bailarina (a bailarina barbuda).
O Dadaísmo vai passar pela psicanálise e vai passar da arte pela arte. Não é à tão que vários artistas plásticos vão fazer cinema nesta época.

Neste instante, Guigo comentou que o movimento de videoarte dos anos 80 tinha uma visão similar ao movimento dadaísta, mas muitos artistas não tinham uma causa para se rebelar, por isso muitos trabalhos não faziam muito sentido. Comenta o professor:

Eu não tenho problema nenhum com o rompimento das regras, mas tenho que saber onde eu quero chegar.


Voltando ao Entr’acte, o professor ainda comentou:

Foram produzidas três versões de músicas para esse filme. Renoir e os outros artistas tinham uma preocupação em discutir o papel da arte dentro de uma discussão política.

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A aula prosseguiu elucidando a figura de Vertov:

Na União Soviética contemporânea dos jovens materialistas como o Einsestein surgiu Vertov, que se distinguia da maioria dos cineastas da época. Vertov se tornou um cineasta oficial. Criou uma nova cara para o cinema. Ele propôs o filme “Um homem com a câmera”. Este filme não é um documentário que narre alguma coisa, mas mostra imagens sensoriais. Vertov vai procurar expor esse cotidiano de forma poética. Num determinado momento a câmera de assume. Isso se verifica no Cine olho/cine verdade, ou seja, aquele cinema direto, não muito elaborado.
Vertov vai inclusive fazer vários pararelos do olho humano tal como fossem persianas.

O professor mostrou o vídeo da abertura do filme citado, elucidando que o filme simboliza exatamente o processo quas artesanal da produção do cinema. Sobre a cena, onde uma mulher está costurando, Guigo comenta:

Vertov vai tratar o processo de fazer um filme tal como se fosse um processo de costura. Vertov lida muito bem com a questão ritmo, do domínio do tempo e da manipulação do tempo. Hoje aqui em Belo Horizonte existe uma dupla chamada Grivo que faz um trabalho parecido tal como se fazia nauquela época.


A aula prosseguiu mostrando um trecho de uma sequência de perseguição do clássico “O iluminado” (The Shinning, 1980)de Stanley Kubrick, com Jack Nicholson.
Durante o inverno, um homem (Jack Nicholson) contratado para ficar como vigia em um hotel no Colorado e vai para lá com a mulher (Shelley Duvall) e seu filho (Danny Lloyd). Porém, o contínuo isolamento começa a lhe causar problemas mentais sérios e ele vai se tornado cada vez mais agressivo e perigoso, ao mesmo tempo que seu filho passa a ter visões de acontecimentos ocorridos no passado, que também foram causados pelo isolamento excessivo.

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O professor comenta:

Na última aula eu trabalhei a sequência de perseguição. Aqui existe um outro componente, o terror e a tensão.


Em relação à sequência do labirinto, onde Jack Nicholson persegue o garoto, o professor chamou a atenção para a questão da duração dos planos: 

Presta atenção na duração dos planos…(…) Esse labirinto é bem menor do que aparenta no filme.


O professor chama a atenção para a figura da personagem de Shelly Duvall no filme, que segundo ele funciona simbolicamente como um “carrinho de frutas”, ou seja, a figura da personagem é um observador externo à perseguição, que no processo de montagem é um elemento que redimensiona, oferece mais tempo à sequência da ação, permitindo avanços no tempo e no espaço. Sobre a sequência do labirito, o professor ainda tece alguns comentários:

O Kubrick fo bem preciso nesta sequência. Quando ele quer deixar a sensação que o menino está fugindo, mostrando o menino correndo.

Em Seguida, Guigo chama a anteção  para o posicionamento da câmera na cena final, da “derrota” de Jack Nicholson: “O Kubrick joga muito bem com a música e o som de vento”.

A aula prosseguiu elucidando o gênio Alfred Hitchcock. O professor comenta:

O que é o suspense? É a antecipação. O expectador tem uma informação que o personagem não tem. É a sensação de estar “suspendido”…quando eu sei, mas não posso interferir. O Hitchcock é o grande dominar do tempo. Ele consegue esticar e comprimir o tempo, manipulando as emoções do jeito que ele quer. (…), O tempo cinematográfico não é o mesmo tempo da vida real. No cinema, se eu vou tomar água, já me cortam com o copo na mão…O Hitchcock vai jogar tudo isso isso, dando a sensação que as coisas são externas. Ele vai oferecer sensações como se tivesse passado um tempo enorme(…).


O professor prosseguiu elucidando o clássico de Hitchcock, Janela indiscreta (Rear Window,1954), com James Stuart e Grace Kelly:

“Um fotógrafo vê o mundo através da janela. Isso é o cinema! Esse filme é uma grande metáfora do cinema. Com a lente da câmera vemos o filme sob os olhos do James Stuart. Tudo o que ele vê a gente vê junto”

Em seguida, foi exibida algumas cenas do referido filme. Guigo comenta:

James Stuart liga para o cara…a Grace Kelly vai para o jardim. As imagens do James Stuart que aparecem constante, funcionam como um “carrinho de fruta. O Hitchcock cria um elemento no filme e reveste de uma importância que não tem…O telefonema não serve para nada!


Guigo ainda elucida que várias sequências mostradas, como uma mulher se matando, servem apenas como um elemento para compressão do filme. Além disso, Os elementos minuciosos usados por Hitchcock, como o próprio vestido usado por Grace Kelly, é proposital, para desviar a atenção do telespectador.

Dá a impressão que passou muito mais tempo, pelo tempo que ele estendeu para comprimir. Existe o jogo do ver e não ver entre os personagens. Quando a polícia chega já um certo alívio na conclusão da cena.


O professor também comentou o quão infelizes são alguns cineastas que tentam refilmar os clássicos de Hitchcock:

Daí que na refilmagem de Psicose não existe o mesmo time e precisão. Hitchcock coprime, ri da cara da gente o tempo todo!

O professor seguiu a aula comentando outro clássico de Hitchcock: “O homem que sabia demais” (The man who knew too much, 1956). Na trama do  filme, pouco antes de morrer, um espião inglês conta para o doutor Ben McKenna e sua esposa Jo, dois turistas inocentes, algum segredo que os envolve em um caso internacional de espionagem. Seu filho é seqüestrado e, sem saber em quem confiar, eles tem de lutar para recuperá-lo.
Foi exibido o vídeo da cena clássica do concerto, no referido filme.



O maestro da Orquestra é Bernard Hermman. Essa foi a mais longa seqüência musical do cinema. Na música executada, o ápice é justamente no instante em que os címbalos acabam transformando-se num verdadeiro instrumento da morte. No instante em que os címbalos tocam, o assassino  vai disparar um tiro contra o primeiro-ministro inglês nas dependências do Albert Hall de Londres.

Sobre a cena em questão, Guigo comenta:

Percebam com ele vai usar os elementos, vai encolher e estender…A sequência tem uma música monótona, tocada pelo maaestro Bernard Herman. Mesmo não sendo uma sequência clássica de perseguição, ao mesmo tempo que ele vai criando um labirinto nas dependências do teatro. Notem a precisão dos cortes em relação a música…ele mostra o vilão com um acorde presado. A música é melancólica, pesada…Ele está usando a mesma metáfora do Janela indiscreta. A personagem  de Doris Day está ali “amarrada”, ela sabe o que acontece e não pode falar nada. Cada vez que entra um novo personagem, entra também um novo movimento. Ele vai esticando a sequência, que ainda não se resolveu…a mesma coisa que ele fez no outro filme. Depois ele acelera…e quem podia fazer alguma coisa ainda está no mesmo ponto. Ele joga com a música, que vai ficando chata, insurportável…Ele vai trabalhando esta tensão até o limite.

Continuando o professor ainda comentou:

Começaram a crufificar o Hitchcock por que ele tinha uma boa noção de montagem. Hitchcock se definia como expectador da vida. Era baixinho, feio…e a maneira dele se sobressair era pelo cinema. Então ele, contrariando as expectativas, desenvolve um filme sem corte: “Festim diabólico”. Ele era um gênio, que dominava a questão de tempo e montagem como ninguém. Montagem não é chamar a questão para uma realidade que se quer ver? Neste filme ele mantém toda as questões do suspense e da tensão.

O professor mostrou um vídeo o filme citado, Festim Diabólico (Rope,1948). No filme, Brandon (John Dall) e Philip (Farley Granger) matam David Kentley (Dick Hogan), um colega da escola preparatória, apenas para terem a sensação de praticar um assassinato e provar que conseguem realizar o crime perfeito. Para desafiar os amigos e a família, resolvem convidá-los para uma reunião no apartamento deles, onde colocam a comida em cima de um baú e dentro do mesmo está o corpo da vítima.
O professor comenta:

Existe o tempo todo uma insinuação de uma ligação homossexual entre os dois personagens principais. (...) A janela ao fundo mostra uma pintura da cidade de New York, que vai escurecendo ao logo do filme…é uma pintura falsa. (...)  O filme chama-se em Inglês “A corda”. Quando você tira sse nome traduzindo de forma diferente, você tira a força do filme. Hitchcock edita o filme na medida de onde ele coloca a câmera. Ele fez um filme contínuo, sem cortes, utilizando longas sequências.

A aula prosseguiu a aula elucidando o aspecto da montagem no clássico, Ladrões de Bicicleta, de Vitorio de Sicca; filme este que já fora elucidado anteriormente em nossas aulas pelo professor Rafael Ciccarnini. O filme mostra a comovente história do pai e seu filho em busca de sua bicicleta roubada, da qual depende a manutenção do emprego recém obtido e a manutenção da família. Comenta Guigo:

Este é considerado um dos filmes mais importantes do neorealismo italino. O neorealismo trás cineastas que, sem grandes recursos financeiros, vão para as ruas filmar gente.

O professor tentava chamar a atenção para o fato de que nos filmes neorealistas Italianos, podemos perceber gravações em amplos exteriores, planos seqüência, participação de não-atores nos papéis principais. Estes filme também tentam elucidar temática da miséria, da solidão, do sofrimento, o realismo em primeiro lugar, em certos momentos de linha documental, elementos que vieram influenciar cineastas e movimentos cinematográficos do mundo inteiro em diferentes épocas, inclusive o Cinema Novo, no Brasil.
O professor comenta:

A criança no filme simboliza o fim da inocência que a guerra trouxe, o menino tem que ver o mundo com ele é.


Em seguida, Guigo mostrou um vídeo do filme Ikiru (1952) de Akira Kurosawa.filme trata da existência humana com extrema beleza e poesia ao destrinchar a história de um homem que se vê à beira da morte.
O professor comenta:

Filme como esse tem uma volta para o ser humano. O tema é social, mas estou preocupado como isso se reflete no ser humano. Estou vivendo uma situação mínina..de repente o mundo caí em cima de him.

Continuando a elucidar filmes semelhantes com temas sociais, o professor citou o filme Kasper Hauser, do diretor alemão  Erner Herzog, que trás a história de um jovem que viveu durante toda a vida em um cativerio. O professor mostrou também um vídeo sobre o filme, e comentou:

O diretor não é exatamente um humanista neste filme…Ele resolve pensar o filme para fazer. Ele tinha uma relação de amor e ódio com o ator principal, klaus Kinsk, que é o pai da atriz Natasha Kinsk. O filme é baseado em fatos reais. Eles vão criando Kasper Hauser, descobrindo que até os 20 anos ele não via as pessoas.  colocam  kasper Hauser num circo de aberrações…até ele ser assassinado misteriosamente.No filme, hora nenhuma o diretor cai na solução fácil do plano contra plano.

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A aula prosseguiu com Guigo elucidando o movimento da Novelle vague. A Nouvelle vague (Nova onda) foi um movimento artístico do cinema francês que se insere no movimento contestatário próprio dos anos sessenta. Sem grande apoio financeiro, os os filmes da Nouvelle vague eram caracterizados pela juventude dos seus, unidos por uma vontade comum de transgredir as regras normalmente aceites para o cinema mais comercial.
Segundo Guigo, os jovens cineastas deste movimento foram inspirados por André Bazin. Os cineastas mais relevantes desse movimento são Jean-Luc Godard, François Truffaut, Alain Resnais, Jacques Rivette, Claude Chabrol e Eric Rohmer.
Curiosamente, um dia após nossa aula deste Domingo. Eric Rohmer faleceria.

Sobre o Nouvelle vague, Guigo comenta:

Se o neorealismo e o cinema japonês estavam voltados para o ser humano no meio social, a Nouvelle Vague vai questionar a adaptabilidade do ser humano no seu entorno. Como o cotidiano influiu na personalidade das pessoas.

Com o propósito de ilustrar um pouco a atmosfera desse movimento, o professor exibiu alguns trechos do filme “O acossado” (À Bout de Souffle", 1960), de Jean Luc-Godard.
Comenta o professor:

Na Paris dos anos 60, Um jovem ladrão de automóveis (Jean-Paul Belmondo) mata um polícia e foge com a sua namorada americana (Jean Seberg) para Paris.Os cineastas da Nouvelle vague tinham uma profunda admiração pelo cinema médio norte americano.

Mostrando alguns cortes do referido filme, o professor salienta:

Esses cortes não são acidentes. Ele não está preocupado com os ângulos. Existem vários cortezinhos que se consagraram como uma estética. Ele tirou os pontos mortos da cena e gostou do resultado.


Thiago, membro do nosso grupo, chamou a atenção para um provável erro de continuidade existente numa cena, onde a atriz primeiramente está sem óculos. A imagem corta logo em seguida  para a atriz sem o par de óculos… Guigo elucidou que talvez isso tem sido algo proposital, já denunciando um pouco do estilo Nouvelle vague.
O professor também comentou sobre o filme Alphaville, também de Godard. Foram exibidos alguns trechos do referido filme. No filme, a população da cidade futurista de Alphaville é dominada pelo computador Alpha 60 que aboliu os sentimentos.
O professor comenta:

“Talvez o mais condicional sob o ponto de vista da linguagem seja ese filme. Godard traz a literatura Pulp, a qual ele era fascinado. Ele resolveu fazer uma ficção científica. O computador Alpha 60 proíbe as emoções. O Godard tem muito a preocupação existencialista. Esse filme vai questionar: Por que quem me dominar é também quem me deixa falar?

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A aula prosseguiu elucidando o cinema novo brasileiro. O professor comenta:

O cinema brasileiro, nos movimentos que haviam até então, não era um movimento de proposição de nada. Não havia até então uma forma de fazer….Com o eco do neorealismo italiano, vários cineastas começam a questionar. Na França surge a Nouvelle vague.
No Brasil, o cinema novo nasceu com uma perspectiva de falar conta a opressão, mas não do jeito que as massaas queria ouvir, pois era um cinema feito para intelectuais e artistas, mas não para o público médio. O cinema novo foi o cinema que ajudou a transformar a cara do Brasil.  O cinema novo questiona a sociedade sob o ponto de vista da imprssão. O grande expoente do cinema novo foi o Glaúber Rocha. Estava contido aí o cinema marginal..que questionava o cotidiano, a família, a vidinha….com o brega e o samba de morro. Eu sou muito suspeto para falar do cinema novo, pois eu sou Glauberiano convicto.

O professor prosseguiu a aula exibindo algumas imagens do filme Deus e o Diabo na terra do sol, de Glaúber Rocha. No filme, um sertanejo de nome Manoel decide juntar-se a um grupo religioso liderado por um santo (Sebastião) que lutava contra os grandes latifundiários e em busca do paraíso após a morte. Os latifundiários decidem contratar Antônio das Mortes para perseguir e matar o grupo.

Comenta o professor sobre o filme, comparando uma determinada cena sobre a famosa cena da “escadaria de Odessa”, de o Encouraçado Pontenkim, de Eisestein, já elucidado em nosso curso pelo professor Rafael Ciccarini:

Ele vai matar o fanatismo à religião e a fuga fácil da violência. Lembra o encouraçado Potemkim. Ele mostra o Antônio das mortes várias vezes do mesmo jeito do instrumento da reperssão do Pontemkim.

Sobre o personagem de Yonná Magalhães, que no filme faz a esposa do sertanejo Manuel, o professor comenta:

O tempo todo a Rosa é o único personagem que tem o pé no chão. O Antônio não tem os pés no chão quanto ela, mas é o único que atua, não só reage….

O professor prossegue:

É uma cinema que já não está tão preocupado com a continuidade e a lógica espacial. A música de cordel aparece como um coro da tragédia grega que explica a ação e apresenta os personagens.

Sobre as cenas finais do filme, Guigo comenta:

Quando a Yoná Magalhães cai e tropeça correndo, não existe leitura, não existe explicação. Ele vai terminar o filme na fronteira entre o mar e o sertão.
Ele sai do Cordel e vai para o Vila Lobbos. O filme está editado de forma que os personagens são constituídos de forma alegórica. O Glaúber e o cinema novo de forma geral neste momento estavam fazendo um chamado para a esperança. Ele acredita na luta do homem.

Em seguida o professor abordou o filme “Terra em transe”, também de Glauber Rocha. Num país fictício chamado Eldorado, o jornalista e poeta Paulo (Jardel Filho) oscila entre diversas forças políticas em luta pelo poder.
O professor comenta:

Se em “Deus e o diabo” ele trabalhava alegoricamente, aqui ele abandona completamente isso. Tudo é uma encenação aqui. Não tem o título de verdade.

Foi também comentado, o filme “O bandido da luz vermelha”, de Rogério Sganzerla:

Esse filme tem uma influência da Nouvelle vague francesa. Baseado na história real do bandido da luz vermelha, este é um filme completamente alegórico, com elementos pois radical que o cinema novo. Aqui começa a questão do cinema novo vrsus underground….a interação das coisas.
A narrativa vai sendo construída quase como um videoclipe. Rogério vai jogando com essa estrutura Pop o tempo tudo. Tudo é possível. Ele encontra uma forma diferente de falar, mas não quer mobilizar. A intenção aqui é criticar.


Em seguida, o professor comentou sobre outro filme de Sganzerla, que se revela no cinema marginal, que segundo o professor, ao contrário do cinema novo, vai para o protesto e o grito puro…
O filme em questão é Sem Essa Aranha, de Sganzerla, montado em longos planos-seqüência e com a participação de Jorge Loredo, o Bonitinho, o professor comenta:

O cinema marginal tinha a necessidade de incomodar e surgiu no final da década de 70. O zé bonitinho naquele momento já era um personagem da cultura popular. (…) O cinema novo era basciamente um cinema de comunistas radicais. O marginal também era comunistas. O cinema novo e suas influências foi último grande movimento do cinema infelizmente. No final dos anos 90 surgiu o dogma, um manifesto de alguns cineastas dinarmarqueses , trata-se de um ato de resgate do cinema como feito antes da exploração industrial feita por hollywood.

O professor elucidou que apenas alguns filmes das décadas que se seguiram ousaram em sua estrutura. Ele citou uma exceção, o flme “Corra Lola corra”(Lola Rennt, 1998), do alemão Tom Twinker. O professor comenta:

O filme mostra o domínio das cortes. As imagens filme tem uma estrutura pendular e em espiriral. Lembra O cd room…tem uma estrutura de videoclipe. Esse filme não gerou uma onda de imitações, mas vai se apropriando das novidades tecnológicas da época em questão. É um filme em camadas.

A aula foi finalizada com a exibição do curta O Nordestino e o toque da Lamparina, de 1998, tendo o roteiro e a direção de Ítalo Maia. O filme retrata a vida sofrida do sertanejo do Brasil, mostrando seus sonhos, fantasias e criatividade ao encontrar uma lamparina mágica.

Finalizamos por aqui, com desejos de um ano novo repleto de emoções cinematográficas.

Até a próxima…