segunda-feira, 2 de novembro de 2009

História do Cinema – Aula 2

Por Juliana Luiza
Fotos de Janaína Macieira  

A segunda aula sobre a história do cinema, foi abrilhantada pela excelente bagagem do professor Rafael Ciccarini, um dos nomes mais conceituados da cena cinematográfica de Minas Gerais.

Ciccarini é o atual editor do site Filmes Polvo, site especializado em crítica cinematográfica, e é também um dos mais conceituados professores da Escola Livre de Cinema.
Ele resumiu com maestria e genialidade, os pormenores de mais um capítulo da história do Revolucionário cinema Russo e de outros capítulos da história da sétima arte, como o surrealismo da vanguarda francesa, o surgimento dos documentários e a chegada da era Ouro de Hollywood.  

Esta foi também uma aula de contrastes, entremeada pela trilha sonora dos gritos dos torcedores do Clube Atlético Mineiro, que para tristeza dos cruzeirenses, extravazavam sua alegria pelas rua dos centro da cidade de Belo Horizonte gritando e urrando: "galooooooooooooooo!!!!!!!!!!!!!!" 
Se fazia visível o semblante de preocupação de alguns rapazes atleticanos do grupo, inclusive o caríssimo professor, que fazia o possível para não prestar atenção nos estentóricos gritos....
Os gritos atleticanos não foram capazes, entretanto, de ofuscar o conteúdo da aula e contrastavam,desta forma, com a atenção dos alunos, que estupefatos e silenciosos, tentavam captar ao máximo os ensinamentos da Bíblia da sétima arte Rafael Ciccarini.




Rafael iniciou a aula resumindo o cinema Russo como sendo um dos mais importantes movimentos cinematográficos de todos os tempos, e como sendo um dos mais importantes movimentos dos anos 20.
O cinema desta época, segundo o professor, foi incentivado pelo partido Bolchevique,e serviu como uma espécie de propaganda ideológica dos preceitos de Lennin.
Sergei Eisenstein, segundo Ciccarini, trouxe a idéia da montagem dialética para o cinema.Ciccarini comenta:
"Portanto, o cinema Russo passa neste momento, a ser gerador de idéias. O montador portanto, cria o sentido do filme. Eisestein estuda cada plano minuciosamente e começa a ver os conflitos internos de cada plano. Cada corte vai sendo pensado em uma gama de conceitos."
"Para os Russos nesse momento, o cinema não é um lugar para contar história, mas para construir".  

Mas até o futebol foi esquecido nas chocantes cenas mostradas em um trechos dos filmes de Eisenstein como "A greve" e O encouraçado Potemkin", este último considerado como sendo a obra prima do cinema Russo.
Abaixo, cenas de "A Greve":  


Como demonstrado no vídeo, A GREVE recria brilhantemente a greve que ocorreu em 1912 na Tsarist Russia, num conflito entre operários e policia.    
  
Ciccarini exibiu uma das marcantes cenas do filme, onde Eiseinstein compara, através da montagem, a matança de pessoas à matança de gado. Os "soldados sem rosto" e desumanizados, eram a tradução da opressão do poder.

Um dos pontos altos da aula deste Domingo, entretanto, foi a exibição da cena do "massacre na escadaria", cena do clássico "O encouraçado Potemkin", outra obra prima de Eisenstein. Esta cena oferece tambem uma idéia da opressão do poder e oferece uma excelente visão para a idéia de choque e de conflito.
Algo interessante comentado por Ciccarini foi o fato de Eisestein oferecer uma "crítica ao protagonista". Não existe um ator principal, mas sim uma "classe protagonista". Ainda segundo o professor, os personagens de Eisestein não são belos, tal como se convencionou a mostrar no cinema hollywoodiano, mas são sim, ao contrário, pessoas com rostos sofridos e expressões comuns, que são mostrados com destaque.

Confira abaixo cenas do citado filme:

 
Ciccarini comentou:"A cena demonstra que o resultado da Greve foi ineficaz. A senhora vai falar com os soldados. Os corpos estão margiando os personagens...A personagem vai ficando cada vez menor, caindo em meio às sombras".

No que diz respeito ao cinema Russo, o professor ainda elucidou a figura de Dziga Vertov: "Vertov trouxe a idéia da câmera como o olho humano. Nesta perspectiva, fatos da vida são colhidos pelo cinema (cinefato).Vertov posuía uma concepção radical, reveladora da verdade e negadora da ficção".
O professor ainda abordou o surrealismo da vanguarda francesa, que se deu em um momento que os artistas extrapolaram o limite da razão.
Ciccarini elucida que o "artista surreal tem o extinto puro da criação. O que inspira este artista é sempre a chamada inspiração primeira".  

A exibição de um trecho de O Cão Andaluz (1929) de Luiz Bunuel causou um certo espanto no grupo. Alguns consideram as cenas como sendo "bizarras". Ciccarini disse que este seria o filme mais exibido da história do cinema: "O filme se traduz numa espécie de provocação e não faz sentido lógico-racional, mas demonstra algo que não se consegue verbalizar. Este estilo se traduz, portanto, como sendo um paradigma do surrealismo", diz o professor.  Confira abaixo trechos do filme:



Ciccarini finalizou a excelente aula com uma elucidação sobre clássicos documentários. Segundo o professor, o documentário é um discurso cinematográfico à partir do real. Portanto, a encenação sempre vai acontecer neste gênero.
O momento mais marcante desta aula foi talvez a exibição de trechos do clássico documentário Nazista "O triunfo da vontade" de Leni Riefenstahl.  O trecho que mostra Hittler sendo ovacionado pela multidão, que eufórica enaltecia sua figura como sendo um messias, causou espanto e estupefação na nossa platéia. Segundo Ciccarini, este filme ajudou a construir o modelo de como "se deveria receber o Führer". O professor comentou que tudo se traduz tal como um filme de terror. O filme é mostrado milimetricamente, focando na expressão das pessoas e nas crianças sorrindo.
A cena de Hittler ganhando um bouquet de Rosas de uma senhora com uma criança nos braços, segundo o professor, é um claro exemplo da mistura de realidade e encenação.  
Assista abaixo a primeira parte de "O triunfo da vontade":



Ciccarini ainda comentou sobre o realismo poético francês, onde a volta do real, favorece artistas ousados como Jean Cocteau: "No realismo poético, imagens metaforisam o ato de sofrer. Busca-se a beleza máxima de cada plano. Jean Renoir (filho do pintor e mito Pierre August Renoir),que se revela como sendo um dos maiores cineastas franceses da história, foi um dos nomes marcantes deste período que seu deu na década de 30. Suas obras mais famosas são "A grande ilusão (1937), A Besta Humana (1938) e "A regra do jogo" (1939)".

O professor, finalizando a aula, elucidou a hollywood nascente, na formação da indústria e dos gêneros cinematográficos. Conceitos como o "estúdio system", a superexposição e a glamourização através do "star system" e conceito industrial por trás da festa do Oscar, foi comentado com entusiasmo por Ciccarini.
Nomes lendários como Frank Capra, que com filmes como "Aconteceu naquela noite" e Walt Disney, com seus clássicos longa metragens animados como "A branca de neve" e "fantasia", foram também elucidados. Os clássicos Westerns de John Ford como "As vinhas do Ira" e "O homem que matou o facínora" foram também comentados.
Ciccarini ainda comentou sobre a comédia ligeira de Howard Hawks, que produziu os filmes "Jejum do amor" e "Levada da breca.
O terror americano, que segundo Cicarinni tem um teor mais leve. também foi apreciado, especialmente nos sobre os filmes dos Irmãos Marx como "Gênios da pelota" e "Diabo à quatro"

 

A excelente aula de Ciccarini terminou deixando mais uma vez muito um rastro de muito conhecimento e aprendizado a todos os membros do grupo.  
A nossa aula deste Domingo foi finalizada com uma maravilhoso estudo sobre arte espírita, que foi feito por Adriano Alves, um nome marcante do perfil da arte espírita Belo Horizontina.  




Adriano explicitou que através de Kardec, aprendemos que “O que de sublime na arte é a poesia do ideal, que nos transporta para fora da esfera acanhada de nossas atividades.”
Adriano comenta que a arte presta culto à Deus e à liberdade, por isso a arte espírita é muito maior do que mostrar certos esteriótipos. Segundo o palestrante, nesta arte deve existir o ideal da ética, o ideal do equilíbrio, e um ideal maior que se traduz no ideal de Jesus. Enquanto o homem permanecer no materialismo, ele não conseguirá alcançar a idéia de arte.
Um frase dita por Fred, talvez resuma todos comentários sobre o assunto arte espírita. MAIOR QUE O AMOR À VERDADE É A VERDADE DO AMOR.



Fred fazendo pose....Destaque para o seu topete Elvis Presley

Portanto, os comentários gerais de todo o grupo, concluíram que a técnica deve ter ser usada principalmente em favor da mensagem, em favor de um ideal maior....
Ficamos pro aqui....
Até a próxima aula...!